Executivo da Yara diz que fertilizante verde será a bola da vez
Publicado em: 03/04/2023
Em visita ao Brasil, o CEO global da Yara, Svein Tore Holsether, multinacional gigante do setor de fertilizantes, disse em São Paulo que os impactos geopolíticos no mercado de fertilizantes, foram ocasionados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele também falou da importância de novas tecnologias para o setor – os chamados “fertilizantes verdes”- que serão foco e a proposta das empresas ao longo dos próximos anos.
Segundo o presidente da Yara Brasil, Marcelo Altieri, o início da guerra trouxe os fertilizantes para o topo da agenda mundial, “Sem fertilizantes, a produção de alimentos no mundo cai para 50% e, dependendo do lugar, chega a 0%”.
“Uma forma de driblar os efeitos causados pela guerra, é a busca de fontes renováveis e a produção de fertilizantes em outros lugares do mundo. Atualmente temos o dobro de pessoas na zona aguda da fome, comparado a 2021”, destacou Holsether.
A Yara está focada na agricultura de baixo carbono. Segundo o executivo, 30% do efeito estufa vem da produção alimentar e o início da guerra acelerou o pensamento da fragilidade da produção global de fertilizantes e a busca por fontes e alternativas.
A Yara enxerga com otimismo o cenário para o mercado em 2023 e estima que o consumo de fertilizantes seja de, aproximadamente 44 milhões de toneladas, superior ao consumo de 2022.
Segundo Holsether, os preços de fertilizantes, energia e alimentos estão muito conectados. Os preços estão caindo, mas não arriscou dizer as perspectivas para o cenário futuro. Ele acrescentou que os fertilizantes são muito voláteis e qualquer variação na energia é capaz de mudar a tendencia. “A Yara e grandes fornecedores que hoje sancionam a Rússia, negociam o menor possível com o país, apenas para não parar algumas operações. O ponto de maior atenção é o gás natural, que já tem seus estoques em 50%, não sendo suficiente para o próximo inverno europeu.”, assumiu o CEO.
A companhia acredita que é possível aumentar a capacidade produtiva no Brasil, principalmente com fertilizantes verdes. Segundo os executivos, a Yara está sempre reinvestindo no Brasil e buscando novas oportunidades de crescimento. Nos últimos 10 anos foram investidos cerca de R$15 bilhões e a capacidade produtiva aumentou em 600 mil toneladas.
Por outro lado, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participou em Pequim da abertura do Cotton Industry Development Conference. Constava das agendas reuniões com empresas e associações de fabricantes de fertilizantes e insumos agrícolas, além de evento para discutir a cooperação entre Brasil e China em agricultura sustentável e finanças verdes.
Segundo o Mapa, o ministro participaria do “Seminário multisetorial: Perspectivas da Parceria Brasil – China no Agronegócio”, com a presença de entidades brasileiras como CNA, OCB e Abiove e organizações chinesas como a China Association for the Promotion of International Agricultural Cooperation e o Agricultural Bank of China. No noticiário divulgado pelo Ministério da Agricultura não consta nenhuma tratativa sobre fertilizantes.
No Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Fávaro conversou sobre os termos de cooperação de pesquisa entre a Embrapa e o órgão equivalente chinês. A neutralização da emissão de carbono, com destaque para o programa ABC, o uso de biopesticidas e bioinsumos, considerados para baratear o custo da produção agrícola de forma ecologicamente correta, foram alguns dos assuntos abordados pelo ministro durante a visita. “A China tem um grande estudo de pesquisa nesse sentido que vai ser muito importante para o Brasil”, disse o ministro, mas sobre fertilizantes nada foi divulgado.
Fonte: GlobalFert (Foto: Marcelo Altieri, presidente da Yara Brasil; Svein Tore Holsether, CEO da Yara International / Foto: Leonardo Rodrigues) / imprensa@agro.gov.br (Foto: Mapa / Divulgação).