Importação de leite cresce no 1º semestre de 2023

Publicado em: 07/08/2023

Nas últimas semanas, as importações de leite e derivados têm motivado um debate sobre seus impactos para o mercado nacional. Isso porque, no primeiro semestre de 2023, as importações de produtos lácteos, vindos majoritariamente da Argentina e do Uruguai, aumentaram mais de 180% em comparação com o mesmo período de 2022. Em Santa Catarina, dada a importância socioeconômica da produção leiteira, o tema mobilizou representantes de diferentes setores da cadeia produtiva. 

Conforme o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes, essa taxa de crescimento tão elevada, na casa dos três dígitos, tem muito a ver com a quantidade reduzida de importações no primeiro semestre de 2022. “As importações do primeiro semestre de 2022 foram baixas. Então, o crescimento percentual acaba mostrando um pulo nas importações do primeiro semestre de 2023”, explica Tabajara. 

Segundo ele, quando os números são analisados a longo prazo, é possível perceber que, embora as importações tenham crescido no ano corrente, esse movimento não é tão atípico. Por exemplo, quando as importações dos primeiros seis meses deste ano são avaliadas em relação às do segundo semestre de 2022, o crescimento é bem menos expressivo, com um índice de 13,8%. Resultado parecido é observado quando se compara o primeiro semestre de 2023 com o segundo semestre de 2020, nesse caso, o aumento nas importações foi de 12,8%. Já no segundo semestre de 2016, as importações de leite e derivados chegaram a 139,2 milhões de quilos, número maior do que o registrado no primeiro semestre de 2023, quando foram importados 137,9 milhões de quilos. 

Apontar que as exportações deste ano não são tão excepcionais quanto parecem à primeira vista não quer dizer que elas não tenham influência sobre os preços dos produtos no mercado interno. Conforme Tabajara, o aumento na oferta de leite naturalmente pressiona os preços para baixo. Em julho, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses foi de R$ 2,50 o litro e, pela primeira vez no ano, foi inferior ao recebido no mesmo mês do ano passado, quando o preço médio ficou em R$ 3,04 por litro. Em contrapartida, os custos de produção diminuíram. Essa é uma questão importante tendo em vista que, em 2021 e 2022, os custos foram uma preocupação constante. 

A balança comercial brasileira de leite e derivados é tradicionalmente negativa, ou seja, o país costumeiramente importa mais produtos lácteos do que exporta. Segundo dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) disponíveis no Observatório, mais de 23 mil produtores destinaram leite para as indústrias inspecionadas em 2022. A produção está mais concentrada na mesorregião Oeste, que concentra 80% dos produtores. Em 2022, o Valor da Produção do leite produzido em Santa Catarina (R$ 7,9 bilhões) representou quase 13% do total do Valor da Produção da Agropecuária (VPA) do Estado (R$ 61,4 bilhões). Com isso, o leite ficou na terceira posição entre os produtos que mais contribuíram com o VPA estadual, superado apenas pelos valores da produção de suínos e de frango. Com isso, Santa Catarina é o quarto produtor nacional de leite, ficando atrás apenas de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. 

 

Fonte: Epagri/CEPA