Santa Catarina está redefinindo a indústria do leite de olho no mercado internacional

Publicado em: 27/06/2024

O Jornal O Presente Rural entrevistou o ex-secretário da Agricultura de SC, Airton Spies, considerado um dos principais especialistas em agronegócio do Brasil, para discutir o panorama atual, as mudanças recentes, os desafios e as perspectivas do setor de laticínios no estado catarinense. A conversa abordou como a tecnologia e a inovação estão sendo adotadas, as políticas públicas implementadas e a importância da sustentabilidade e do bem-estar animal na produção de leite. Spies também analisou as oportunidades e os desafios associados à diversificação da produção de laticínios e o acesso a novos mercados, tanto domésticos quanto internacionais.

Leia a seguir a entrevista completa.

Spies lembra que Santa Catarina produziu, no ano de 2023, 3,55 bilhões de litros de leite total e industrializou 3,2 bilhões de litros.

“Houve um crescimento de 7% em relação a 2022, mostrando a força do leite e o investimento que os produtores estão fazendo para aumentar a produção. Inclusive, pela primeira vez na história, Santa Catarina se tornou o terceiro maior produtor nacional, ficando atrás apenas de Minas Gerais e Paraná, superando o Rio Grande do Sul, que enfrentou problemas de seca que impactaram significativamente sua produção. Ele diz que a qualidade do leite tem melhorado muito. O leite que chega às indústrias já está 100% em conformidade com as Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, a Instrução Normativa 76 e a Instrução Normativa 77, de forma que, comparando o leite de Santa Catarina com o restante do Brasil, ele está entre os melhores em qualidade”.

O grande desafio, segundo Spies, é o custo de produção. “Atualmente, há 22.600 produtores que entregam leite às indústrias regularmente, afirma o entrevistado. Segundo o cadastro que temos, houve uma redução significativa no número de produtores, mas a escala dos produtores que permanecem na atividade tem crescido bastante, e a produção aumenta tanto pelo crescimento do rebanho naquelas propriedades que se especializam em leite, quanto pela produtividade, que por vaca e por propriedade, tem aumentado significativamente nos últimos anos”.

No que diz respeito aos desafios atuais no setor leiteiro, Airton Spies destaca que os produtores enfrentam uma crise de rentabilidade, com custos de produção altos e o preço do leite não respondendo na mesma proporção. Há também a competição com o leite importado do Mercosul.

“É uma situação média, porém, existem produtores que já conseguiram se adaptar e adaptar seu sistema de produção para produzir leite economicamente viável aos preços internacionais. As perspectivas para o leite em Santa Catarina são positivas, considerando que temos aqui, e isso vale também para os três estados do Sul, uma condição favorável à produção de alimento para os animais durante os 12 meses do ano. Não temos um período de frio extremo, como na Europa, Nova Zelândia e algumas regiões dos Estados Unidos e Argentina, onde o crescimento das pastagens é paralisado pelo frio e pela neve. Também não temos um período de seca extrema e sazonalidade das chuvas como no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil”.

Veja a entrevista completa de Airton Spies na última edição do Jornal O Presente Rural: www.opresenterural.com.br.