O próximo plantio de verão em SC

Publicado em: 05/08/2024

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

Com a aproximação do início do plantio da safra de verão, agricultores e cooperativas começam a definir o planejamento das culturas para a próxima temporada. Após a “euforia” do anúncio do plano safra e o conhecimento detalhado de sua operação, começa a ficar claro o que efetivamente avançou em relação aos planos anteriores e o que realmente estimulará o agricultor nas suas atividades agropecuárias. Há posições distintas sobre o próximo planejamento agrícola. Os médios e grandes produtores, da agricultura empresarial, expressam preocupações com os custos financeiros previstos para o próximo plantio. Os juros de mercado, que estão muito elevados, podem inviabilizar a rentabilidade da atividade agropecuária, especialmente considerando os altos custos de produção atuais e o valor de mercado da produção. Os agricultores familiares também reclamam do enquadramento nos recursos do Pronaf, com a norma atual que estabelece um faturamento máximo de R$ 500 mil anual por agricultor, excluindo a maioria deles. Em Santa Catarina, onde a produção de suínos, aves e leite tem custos elevados e faturamento alto, mas não necessariamente um lucro maior, os impactos são ainda mais significativos. 

Desde o governo passado, há reivindicações para que o valor do faturamento seja ampliado, considerando os custos de produção elevados, mas essas demandas não foram atendidas, nem pelo governo anterior nem pelo atual. 

Ademais, as cooperativas também estão enfrentando dificuldades com o enquadramento nos recursos do Pronaf, após o governo aumentar de 60 para 75% o percentual de agricultores associados que possuem a DAP, necessário para que as cooperativas tenham acesso aos financiamentos do Pronaf. Essa decisão também exclui muitas cooperativas do enquadramento, mesmo que a maioria de seus associados sejam de pequenas propriedades. Entidades representativas dos agricultores e das cooperativas estão expressando preocupação ao governo federal, solicitando alterações nestes dois itens: aumento do faturamento para que pequenos agricultores possam se enquadrar no Pronaf; e a redução do percentual de agricultores com DAP para que cooperativas se enquadrem nos recursos do Pronaf, onde as condições de financiamento são mais atrativas para a agricultura familiar. Se não houver providências imediatas, haverá desestímulo ao plantio. Já se observa um desinteresse pelo plantio de milho em Santa Catarina, com dados de cooperativas prevendo que mais de 20% dos plantadores habituais desistirão da atividade este ano, optando por culturas com menor custo de produção e menor risco de mercado e de produtividade. Portanto, temos problemas em curso para o próximo plantio de verão, especialmente em Santa Catarina. Precisamos tentar mudar essa perspectiva negativa, pois já enfrentamos carência de milho para sustentar nossos rebanhos pecuários. Se houver redução ainda maior da área de plantio, a tendência é aumentar os custos agroindustriais e, consequentemente, perder competitividade nos mercados internos e externos. Portanto, senhores políticos e administradores públicos, vamos defender as políticas agrícolas deste estado e do país, para evitar uma crise ainda maior no futuro. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro