Boas expectativas da safra em SC

Publicado em: 30/09/2024

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

O ano promete para a nossa agricultura, pelo menos é o que o setor espera neste momento. Com base nos últimos dados divulgados pela Epagri, as perspectivas são positivas. Após enfrentar diversos fatores negativos, como os altos custos de produção e expectativas exageradas em função de preços dos grãos fora da realidade média, parece que o ritmo agora está voltando à normalidade. Nem todos os produtos estão dentro das expectativas iniciais, mas, na média, não há grandes motivos para reclamação, à luz dos números divulgados. Os preços podem estar aquém das safras passadas, mas os insumos também tiveram uma queda. 

Não é possível agradar a todos. Querer que os insumos caiam e que os preços dos grãos subam é uma expectativa fora da realidade, afinal, um está intimamente ligado ao outro. Além disso, há outro aspecto a ser considerado: com preços elevados dos grãos, as proteínas também aumentam de preço, e isso pode dificultar a competitividade tanto no mercado interno quanto no externo. É verdade que, em alguns momentos deste ano, a relação de troca entre insumos e grãos foi mais favorável. As entidades de representação dos agricultores alertaram repetidamente que era um bom momento para comprar insumos e vender parte dos grãos, garantindo uma média de preços. Porém, o mercado nem sempre reage dessa forma, e, como se diz, “o cavalo pode ter passado ensilhado”. O que já passou, passou. Águas passadas não movem moinhos. 

Agora é hora de focar na nova safra que está sendo plantada. Segundo os dados da Epagri, há produtos com menor área plantada, mas com expectativa de maior produção, devido à melhor produtividade, resultado do uso adequado das novas tecnologias disponíveis no mercado. 

Até agora, o clima não tem sido um empecilho, mas ainda há todo o ciclo da safra pela frente. Hoje, os dados são positivos para a próxima colheita. O arroz, por exemplo, tem previsão de uma redução de 0,31% na área plantada, mas com esperança de uma colheita maior. A produtividade deve subir de 7.949 kg na safra passada para 8.737 kg por hectare neste ano. O milho da primeira safra, o mais expressivo em SC, apresenta maior declínio na área plantada, de acordo com a Epagri. No ciclo passado, foram plantados 295.692 hectares para grãos. Para este ano, com dados de agosto (um pouco defasados), a previsão é de 268.130 hectares. No entanto, a produtividade do milho também tende a ser melhor: enquanto no ano passado foram 6.826 kg por hectare, neste ano a expectativa é de 8.460 kg. 

Espera-se que não haja problemas climáticos ou ataques da cigarrinha, que possam prejudicar a produtividade, como ocorreu na safra anterior. Em termos de volume de produção, mesmo com uma área plantada menor, a Epagri informa que a produção será maior, com expectativa de atingir 2.268.398 toneladas, bem aquém do nosso consumo, que ultrapassa 8 milhões de toneladas. Enquanto o milho perde área em SC, a soja se expande. Os dados de agosto indicam que serão plantados 766,2 mil hectares, comparado aos 752,8 mil do ano passado. A produtividade também deverá ser melhor, alcançando 3.820 kg por hectare, em contraste com os 3.448 kg por hectare da safra passada, que foi 12,77% menor. 

Diante dessa análise do Cepa da Epagri, mesmo com os contratempos previstos, devemos ter uma boa safra dos principais grãos produzidos no nosso estado. A torcida é para que isso se concretize, e para que nossos governantes e políticos reconheçam que uma boa safra agrícola tem repercussão em outros setores da economia e na arrecadação de tributos. Portanto, continuem valorizando o agro, pois ele é a mola propulsora das demais atividades. Se o agro vai bem, os outros setores também vão. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro