O modelo agrícola a ser seguido

Publicado em: 07/10/2024

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

Diz um ditado popular que é nas crises que surgem as oportunidades e soluções. Já dizia o nosso saudoso líder Aury Bodanese: “Com dinheiro, qualquer um administra; quero ver administrar com resultados, sem dinheiro”. Por outro lado, há quem diga que no mundo “pouco se cria, tudo se copia” e se transforma. Os bons exemplos que assistimos no dia a dia, quando seguidos ou adaptados, contribuem para que mais pessoas se beneficiem do que já foi criado, promovendo a inclusão de mais gente no processo e superando obstáculos. 

O estado de SC já tem tradição de ser inovador em suas atividades econômicas e sociais. Muita coisa iniciada aqui se expandiu por esse país e mundo afora. No caso da agropecuária, os exemplos são ainda mais marcantes. Em um território com apenas 1,1% da área do país, conseguimos ser o quinto maior produtor de alimentos e o primeiro em muitas atividades no campo. Com uma topografia predominantemente acidentada, em pequenas propriedades, conseguimos “tirar leite de pedras”, como se diz na gíria. 

A diversificação de produtos agropecuários, a qualidade do trabalhador do campo, a competência da assistência técnica, o exemplo de eficiência cooperativista e a vontade de produzir com qualidade são os ingredientes fundamentais para nosso sucesso. Empresários e instituições internacionais, quando vêm a SC e conhecem nosso sistema de produção agrícola e os resultados alcançados, demonstram admiração pelo nosso modelo e até pedem para aplicar os exemplos bem-sucedidos em seus países de origem. 

Na semana passada, duas delegações de estrangeiros visitaram a Fecoagro e conheceram como funciona o agronegócio e o cooperativismo em SC. Ficaram admirados, principalmente pela união e pelas parcerias existentes aqui — entre as cooperativas, as agroindústrias, as entidades do agro e até o próprio governo e os políticos. Não é fácil obter coesão quando as lideranças pensam de forma diferente e têm pretensões diversas. Mas aqui conseguimos esse diferencial, embora não possamos negar que o instinto humano do individualismo e do egoísmo ainda esteja presente em algumas lideranças, retardando o sucesso pleno. No entanto, no geral, estamos bem encaminhados para um futuro ainda mais promissor. 

À medida que as lideranças se renovam e a juventude assume o comando das propriedades e das entidades, os avanços acontecem de forma mais rápida. No cooperativismo, certamente chegará o momento em que a união será completa. Quanto maiores os volumes de negócios em conjunto, melhores serão os resultados para seus integrantes. Chegará a situação em que os grandes entenderão que, ao se unirem aos menores, não terão nada a perder, mas sim somar, contribuindo para o bem de todos. 

Momentos de crise, que vez por outra atravessamos em nossas atividades, têm sido superados apenas por meio da união de todos. Crises econômicas, climáticas ou de mercado sempre existiram e existirão, mas, para isso, devemos estar preparados e unidos para enfrentá-las. Diversificando atividades, acompanhando as novas tecnologias, renunciando ao individualismo e acreditando que a ajuda mútua garante a continuidade dos negócios. Reconhecer que não sabemos tudo, que não somos os únicos, e que a união faz a força certamente nos levará mais longe. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro