A força da integração das cooperativas em SC
Publicado em: 18/11/2024
Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO
Na semana passada, as cooperativas de SC mais uma vez demonstraram o espírito de união e integração que mantêm em nosso estado, dando exemplo de que juntos somos mais fortes. Cerca de 120 dirigentes de cooperativas de diversos ramos atuantes no estado participaram de um fórum que proporcionou a atualização de conhecimentos sobre a situação política e econômica atual do país e as perspectivas para os próximos anos, caso o atual sistema de gestão pública dos governantes persista.
Palestras importantes, com especialistas nos temas abordados, serviram para que nossos dirigentes refletissem sobre o sistema de gestão praticado em cada cooperativa, considerando a evolução dinâmica dos mercados globalizados da atualidade. No fórum, também foi apresentado um case de sucesso de intercooperação praticado pela Aurora Coop. Neivor Canton, presidente da entidade, conseguiu mostrar, em uma linha do tempo, o progresso da cooperativa central, evidenciando que a união, a integração e a intercooperação são os ingredientes essenciais que permitiram que a Aurora chegasse ao estágio atual, sendo considerada uma cooperativa de referência para o país no agronegócio e com resultados notáveis na agregação de valor aos produtos agropecuários, além de um forte compromisso social. Esse exemplo demonstra que pequenas propriedades, predominantes em SC, podem alcançar prosperidade, comprovando que a união faz a força e que juntos podemos ir mais longe com segurança, desde que haja confiança entre as partes envolvidas — associados, dirigentes, lideranças e colaboradores do conglomerado cooperativista.
Além das pautas programadas para o evento, destacou-se também o processo de integração entre pessoas. Dirigentes do mesmo ramo, ou de ramos diferentes no cooperativismo, estiveram unidos na busca de conhecimento e troca de experiências para aplicar em suas cooperativas, visando à sobrevivência em um país com pouco planejamento de médio e longo prazos, além de estabilidade econômica, política e jurídica comprometidas.
Nos bastidores dos dois dias do evento, afloraram também os descontentamentos com autoridades e lideranças políticas. O consenso é de que, enquanto alguns setores produzem, expostos aos riscos do clima e do mercado, outros gastam desenfreadamente, sem planos para inclusão no mercado de trabalho, mas sim com paternalismo interminável, mordomias oficiais excessivas e pouca preocupação com o futuro do país e das próximas gerações.
Durante o encontro, percebeu-se que o setor agro, predominante nas reuniões, tem sentido falta de prioridade para valorizar as atividades no campo. Nem mesmo o governo do estado foi poupado, sendo criticado pela displicência com o agronegócio. As indefinições nas decisões, a falta de atenção à Secretaria da Agricultura, o descaso com a implantação do Cadastro Ambiental Rural e a negligência com as propostas e sugestões do setor foram temas recorrentes nas conversas das lideranças nos intervalos do evento. A preocupação é unânime, pois as expectativas de que o setor, responsável por 30% do PIB e 70% das exportações catarinenses, receberia atenção especial estão sendo frustradas.
O comportamento dos governantes, no estado e no país, está decepcionando o agro, e, se essa postura continuar em 2025, o setor tende a buscar outros caminhos de apoio político. Essa é, em resumo, a voz corrente entre os dirigentes das cooperativas, que se somam às demais entidades do agro. O setor se sente ignorado pelos governantes. Os gestores públicos têm agora a oportunidade de ouvir e atender às lideranças, caso não queiram ser preteridos em futuras eleições. Portanto, além dos assuntos programados, o Fórum de Dirigentes Cooperativistas discutiu temas não previstos na pauta, mas muito reais — uma sinalização para que as questões sejam avaliadas por aqueles que decidem os destinos do estado e do país. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro