Agro: os problemas se repetem

Publicado em: 24/06/2024

Ivan Ramos, diretor executivo Fecoagro

Entra ano e sai ano, e cá estamos nós relatando problemas que afetam o setor agropecuário. Parece até que o agro não interessa ao país. Muitos dos problemas se repetem e outros são ignorados, apesar das insistentes advertências das lideranças do setor. Vamos enfocar apenas três problemas do momento, que cabe às autoridades estaduais e federais resolverem para não prejudicar uma atividade que garante 70% das exportações catarinenses e quase 30% do PIB do nosso estado. Nem vamos nos aprofundar no fiasco do governo federal nas importações de arroz. Além de não haver necessidade de importação, o que fizeram cheirou mal. Provocou até a queda de um secretário do Ministério da Agricultura. E pensar que quem caiu já foi ministro e estava sendo cogitado para ser ministro novamente. Realmente, um fiasco. 

Outros dois problemas em nível estadual nos afetam neste momento. Menos mal que o governador Jorginho Mello avocou para si um deles. O outro ainda não chegou até ele, mas se não for resolvido logo, chegará. O caso do CAR (Cadastro Ambiental Rural): as entidades do agro de SC estiveram reunidas com o governador para relatar a atual situação em nosso estado e manifestar preocupações. Ainda não temos definido qual será o organismo que vai trabalhar na implantação desse cadastro. Pela legislação federal, cabe às secretarias estaduais de Meio Ambiente. Entretanto, segundo consta, aqui no estado esse órgão não tem estrutura para isso. A Secretaria da Agricultura está avocando para si essa missão. A Secretaria da Agricultura também está desfalcada de pessoal, mas possui na estrutura a Epagri, que tem boa equipe técnica para isso. O tempo está passando e não se vê movimentação nesse sentido. O principal problema que afeta o agricultor e o estado é que, sem esse cadastro, as normas bancárias impedem a liberação de financiamentos agrícolas. Os bancos estão exigindo o CAR; caso contrário, não liberam os custeios das lavouras e demais demandas rurais. As entidades apresentaram uma proposta ao governador, que ficou de resolver nos próximos dias. 

Outro problema que se repete a cada ano é a situação do Porto de São Francisco do Sul. Todos os anos é a mesma novela. Quando chega a época de desembarque dos fertilizantes, o porto está congestionado. Os graneis de fertilizantes representam 70% da movimentação do porto e não têm nenhuma prioridade de descarga. Ao contrário, há denúncias de que outros setores, que não necessariamente têm calendário para aplicação dos produtos importados, estão tendo preferências, em detrimento dos fertilizantes, que têm calendário agrícola a cumprir. O setor reivindica prioridade de atracação de navios no período de maio a setembro. Afinal, a época de plantio passa e, se não houver fertilizantes na hora certa, não teremos produção, e toda a cadeia da economia que gira em torno do setor agrícola sofrerá.

O secretário dos Portos, Beto Martins, foi informado do problema e também prometeu resolver a curto prazo. Se não houver solução, a safra agrícola de verão ficará comprometida. O Poder Legislativo está sendo cientificado mais uma vez desse problema que se repete a cada ano. Há necessidade de uma solução definitiva para transformar o Porto de São Francisco do Sul em prioridade agrícola. Espera-se que seja solucionado, sob pena de vermos os desembarques de fertilizantes serem desviados para outros portos, onerando a logística catarinense e tirando o movimento econômico de toda a estrutura portuária. Aguarda-se ação do Governo do Estado, que controla o porto de SFS. O governador Jorginho Mello tem sido parceiro do setor e enfrentado os problemas com determinação. O setor espera ação nisso também, para evitar desgastes do governo junto ao setor agro. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro