Área de milho recua, mas soja cresce de produção em SC

Publicado em: 01/09/2023

Em números globais, nos últimos 10 anos, a área plantada com milho em Santa Catarina diminuiu em 150 mil hectares, ou seja, uma redução de 15 mil hectares por safra, no período de 2013 a 2023. Esses dados foram fornecidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Extensão Rural (EPAGRI/CEPA). Quanto ao sistema que monitora separadamente a 1ª e a 2ª safras, este foi iniciado em 2015-2016 para o milho e em 2020-2021 para a soja. De acordo com os relatórios oficiais, a área cultivada com milho na 1ª safra em 2022-2023 foi de 321,3 mil hectares, e na 2ª safra, foi de 30,2 mil hectares, totalizando 351,6 mil hectares. A produção alcançou 2,88 milhões de toneladas, o que foi considerado satisfatório em relação às médias dos anos anteriores, como mostrado no gráfico abaixo. 

No entanto, o caminho percorrido pela soja é oposto; nas últimas 10 safras, houve um crescimento na área plantada de 200 mil hectares, ou seja, um aumento de 20 mil hectares por ano, chegando a 732 mil hectares na 1ª safra (2022-2023) e 57 mil hectares na 2ª safra, totalizando 789 mil hectares de oleaginosa. Isso resultou em uma produção total de 2,98 milhões de toneladas, configurando-se como a maior área da série histórica. De janeiro a junho de 2023, Santa Catarina exportou 979.467 toneladas de soja e seus derivados, com previsão de atingir 1,5 milhão de toneladas até dezembro. O crescimento das safras é ilustrado na figura abaixo. 

Os 57,1 mil hectares plantados com soja a partir de janeiro de 2023 geraram uma produção de 2,455 milhões de sacas e um valor de produção de R$ 324,4 milhões. No caso do milho, os 30,2 mil hectares plantados no mesmo período geraram uma produção de 3,176 milhões de sacas e um valor de produção de R$ 168,1 milhões. Somando os valores das duas culturas, o total atingiu R$ 492,5 milhões. 

A Secretaria de Agricultura de SC solicitou ao Ministério da Agricultura a revisão da portaria datada de 07 de julho de 2023, que reduz o prazo para o plantio da soja até 29 de dezembro e prevê que o estado terá consequências irreversíveis na produção de soja da 2ª safra, bem como um efeito negativo no milho, devido à antecipação do plantio nas regiões de altitude. O fornecimento de milho é um desafio para a competitividade da agroindústria catarinense. Em 2023, devido ao aumento da produção interna do cereal no estado na safra 2022/23, a necessidade de aquisição de milho de outros estados e importação teve uma redução de cerca de 1 milhão de toneladas em relação aos anos anteriores. No entanto, a diminuição da área de cultivo poderá levar o estado a retomar a necessidade de compras, como ocorreu em 2021 e 2022, quando foram necessárias mais de 6 milhões de toneladas, incluindo importações superiores a 600 mil toneladas. 

Quanto ao pico de plantio da soja, seja para sementes ou para fins comerciais, ocorre em novembro e corresponde a 54,5% da área plantada, evitando geadas tardias, comuns no solo catarinense. Segundo técnicos do estado, a segunda safra de soja, plantada em janeiro e fevereiro, favorece de forma inquestionável a produção prévia de milho-silagem, especialmente nas pequenas propriedades, fornecendo alimento para o gado durante o inverno. 

A defesa para estender o atual prazo imposto pelo Ministério da Agricultura, segundo Colatto, considera vários fatores, como o significativo aumento na produção leiteira do estado; a sucessão milho-silagem/soja na segunda safra em pequenas propriedades; o grande déficit de milho-grão devido à crescente produção animal; a proteção do solo após a colheita de tabaco e cebola; e as condições climáticas exclusivas de Santa Catarina devido às geadas, que exigem o plantio de soja após dezembro, além do controle de pragas, o que aprimora as ações de fiscalização dos órgãos de defesa sanitária. 

A solicitação pede que, excepcionalmente para 2023/24, o plantio da soja ocorra entre 21 de setembro e 10 de fevereiro, ou então, que os prazos sejam mantidos como nos anos anteriores. A nota também inclui uma proposta anexada como opção, que sincroniza datas de início e término de plantio com três divisões regionalizadas, levando em consideração as características técnicas e climáticas de cada uma delas. 

Fonte: Assessoria de Imprensa SAR/SC