Cooperalfa e Epagri desenvolvem projeto que estimula o retorno da técnica nas lavouras

Publicado em: 27/09/2024

Um assunto que traz preocupação à sociedade e amplia o alerta dos pesquisadores, são os eventos climáticos, cada vez mais intensos e frequentes. Um exemplo pode ser observado por meio do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina, o Ciram – Unidade de Chapecó, o qual sinaliza que entre 1° de outubro de 2023 e 30 de junho deste ano, foi registrado um volume de chuva de 3 mil milímetros – 70% a mais que a média histórica do período. Diante de altos índices pluviométricos, problemas como a erosão, podem se tornar mais frequentes.  

“É um desgaste que também relacionado ao sistema de cultivo adotado pelo produtor, sendo que é preciso observar a rotação de cultura e de preferência com o solo coberto o maior tempo possível. Contudo, isso nem sempre consegue ser seguido e quando há algumas operações, a exemplo da semeadura, e repentinamente vem um quantitativo expressivo de chuva, ocorre a erosão. Com isso, pode haver redução do estande de plantas, perda de solo, de fertilizantes e muitos outros aspectos que irão impactar na produtividade da lavoura”, alerta o engenheiro agrônomo da Cooperalfa, Ferdinando Brustolim.  

Contudo, antes de o produtor pensar na quantidade da produção, é fundamental observar a qualidade da base, do bem mais precioso: o solo.  Para tanto, a Alfa e a Epagri desenvolvem um trabalho que visa estimular técnicas como os conhecidos terraços. O objetivo é minimizar os danos a esse patrimônio.  

“O terraceamento é uma das técnicas de conservação do solo que consiste na construção de uma obra que irá conter a água da chuva que cai na lavoura e a ideia é mantê-la na área ou, ainda, retirá-la. Entre os tipos de terraço, os de base larga são os mais indicados à maioria das propriedades, por manterem o ciclo natural da água que infiltrará no solo, sem causar a erosão. Porém, para cada propriedade podemos indicar um terraço diferente, de acordo com a situação da área e ele pode ser feito em qualquer época do ano, sendo que o período ideal é no outono, após a safra de verão, justamente por ser uma fase com menos intensidade de chuva”, explica o engenheiro agrônomo da Epagri, Dirceu Junior Ferri. 

De acordo com a equipe técnica, a erosão também pode causar outras complicações. “Trata-se da perda de solo que, por sua vez, pode ocasionar prejuízos com nutrientes, matéria orgânica e a camada mais fértil do solo acaba sendo levada pelas enxurradas. Além disso, pode ocorrer assoreamento de rios, contaminação de nascentes, vertentes, riachos”, pontua o gerente de Extensão Rural da Epagri de Chapecó, Mário Jovino Alessio.  

O engenheiro agrônomo e produtor, Marcos Zanrosso, é associado da Cooperalfa junto ao pai, Valmor. Juntos na lida diária da lavoura de aproximadamente 100 hectares, seguiram as orientações técnicas e, ainda, firmaram uma parceria para fazer os terraços. “Devido às fortes chuvas nos últimos anos, principalmente na nossa região, sentimos a necessidade de investir e providenciamos um levantamento técnico, fizemos uma parceria com vizinhos, e com o suporte da Alfa e da Epagri, realizamos o terraceamento para minimizar os prejuízos e melhorar o perfil de solo para os próximos anos”, relata. 

Na avaliação do engenheiro agrônomo da Alfa, as famílias do S. Valmor Zanrosso e da dona Terezinha de Marco Trombeta são um exemplo de como gerar contribuição de uma área para outra nessa questão de água, sendo que havia problemas nas duas lavouras. “Conversamos e conseguimos fazer um alinhamento para que o terraço pudesse contribuir em ambos os pontos. É um trabalho conjunto e é essencial que os produtores mantenham esse contato com os profissionais da equipe técnica da cooperativa e avaliem a necessidade de optar pelo terraceamento”, destaca Ferdinando. 

 A Epagri contabiliza, em todo o estado de SC, cerca de 800 hectares mapeados e que receberam o terraceamento. “Depois de implantado, os ganhos são muito expressivos. Vale ressaltar que trata-se de um conjunto de práticas de manejo que irá mudar a produção, com maiores indicadores de produtividade, menos custo e o produtor terá mais rentabilidade nas lavouras”, afirma o gerente Mário Jovino Alessio. 

Fonte: Cooperalfa