Cooperativistas catarinenses conhecem o processo produtivo de lúpulo

Publicado em: 07/08/2024

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

O mercado mundial de lúpulo está sendo o pior dos últimos 40 anos. Pelo menos essa foi a informação repassada por uma produtora do produto, cuja propriedade foi visitada pelo grupo de cooperativistas da Aurora Coop, Ocesc e FECOAGRO em Boise, nos EUA. 

Durante um dia inteiro, o grupo conheceu todo o sistema produtivo de lúpulo, desde a plantação até a produção de cerveja. 

Na propriedade de 5.800 ha da família Gooding, cerca de 250 ha são de plantação de lúpulo. No local, foi possível observar como é feito o plantio, o tratamento cultural, o processo de limpeza e secagem da flor do lúpulo e, em outra indústria, a peletização para disponibilização no mercado cervejeiro. 

A agrônoma Diane Gooding, uma das gestoras das propriedades da família, disse que os custos de investimento para implantar uma lavoura estão muito elevados, cerca de U$ 38.400,00 por hectare, entre instalação e plantio, e que o preço do produto atualmente não está compensando. Por isso, está sendo praticada a lavoura consorciada com milho e feijão, para melhorar a renda na propriedade. 

A produtividade do lúpulo é de 1.800 a 2.000 kg por hectare, mas o preço de venda às indústrias não foi revelado. 

O plantio é feito em fevereiro e a colheita em setembro. Nos EUA, os meses de verão são o contrário do Brasil. 

Após a colheita mecanizada, o produto vai para a extração da flor, limpeza e secagem em complexos industriais para enfardamento e vendas para a empresa parceira, Mill 95, no interior de Idaho, que faz a peletização para venda nos mercados americano e internacional, para produção de cerveja. Esta empresa, Mill 95, que foi visitada, vende 60% da produção no mercado interno e exporta outros 40%, inclusive para a Coop Agrária do Paraná. 

Indagada sobre os motivos dos preços estarem incompatíveis com os custos de produção, a resposta foi que houve redução do consumo de cerveja desde a pandemia, e que as fábricas estão optando por matérias-primas mais baratas, como malte de cevada e trigo, para tornar a cerveja mais acessível no mercado. 

A indústria de classificação e secagem do lúpulo visitada está em operação há seis gerações e pode ser considerada artesanal. Hoje são duas irmãs que administram, sendo que Diane é agrônoma. A indústria de seleção e classificação de lúpulo da família Gooding é uma das mais antigas e seu investimento somou U$12 milhões. 

O grupo de cooperativistas também visitou as plantações e instalações da empresa Schroeder, na cidade de Wilder, no estado de Idaho. Foi recebido pelo proprietário, senhor Oliver Schroeder, e sua filha. Essa indústria tem tecnologia alemã, mais moderna, mas que também processa apenas o lúpulo que vem da própria lavoura, para venda no mercado cervejeiro. Esse produtor de origem alemã também tem outras atividades no campo, como cereais e pecuária. 

Depois de conhecer os dois sistemas distintos de produção, os cooperativistas visitaram a fábrica de cerveja Mother Earth, onde participaram de uma degustação de diversos tipos de cervejas produzidas nessa fábrica. 

Na terça-feira, a programação continuou com uma palestra com Matthew Svetich sobre o mercado americano e também visitaram uma exposição de tratores antigos, que mostra todos os tipos de tratores já utilizados nos EUA. 

A Aurora, liderada pelo diretor de comércio exterior, Dilvo Casagranda, também promoveu um encontro com empresários da AJC Internacional, que tem sede em Atlanta, nos Estados Unidos, e que tem um brasileiro como gestor de produtos na área de carnes que atuam nos Estados Unidos e em outras partes do mundo e que é um dos importadores dos produtos da Aurora neste país. 

Nesta quarta-feira, o programa prevê uma visita oficial ao Capitólio, o centro administrativo e político do estado de Idaho, onde trabalham os deputados, senadores estaduais e o governador do estado, oportunidade em que o presidente da Aurora, Neivor Canton, vai palestrar aos deputados e senadores falando sobre as atividades da Aurora e sua participação no mercado internacional. 

Mais informações sobre os encontros de terça e quarta-feira no próximo boletim. 

Fonte: Fecoagro