Nem tudo que reluz é ouro
Publicado em: 17/06/2024
Por Ivan Ramos, diretor executivo Fecoagro
“Nem tudo o que reluz é ouro”: essa frase simbólica é proferida sempre que se deseja lembrar que muitas vezes a realidade difere dos fatos anunciados. Isso ocorre no nosso dia a dia em todos os setores: profissional, familiar, comunitário e, principalmente, na política. É comum ouvirmos promessas, discursos e projetos nas campanhas eleitorais, mas, quando chega a hora de executá-los, surgem os “senões”.
“Não é possível, devido a isso ou aquilo”, dizem, e o eleitor que acreditou nas promessas acaba assimilando e, o que é pior: na eleição seguinte, vota novamente acreditando que será diferente. Esse comportamento de determinados candidatos é negativo para a política como um todo, pois acaba desacreditando até mesmo os bons políticos, colocando todos como farinha do mesmo saco.
Mas ainda pior é identificar o revanchismo político neste meio. As disputas eleitorais geralmente provocam desavenças que deveriam ser curadas após os resultados das eleições, mas isso raramente acontece. Esse fenômeno provoca problemas aos setores econômicos e sociais, pois o revanchismo afeta o desenvolvimento econômico e, consequentemente, a sociedade como um todo. Existem governantes que perseguem determinados setores porque tiveram manifestações contrárias às suas candidaturas.
O setor agrícola está sofrendo com isso atualmente. Embora se afirme o contrário, na prática, ocorrem restrições ao agronegócio. Ignora-se a importância que o setor tem para o país. Não precisamos citar muitos indicadores econômicos; basta observar o PIB do trimestre, no qual o agronegócio proporcionou 11,3% de crescimento, enquanto os demais setores não ultrapassaram 3%.
Apesar dessa significativa importância, medidas que afetam negativamente os resultados econômicos do setor são implementadas. Retirar incentivos que vigoravam há tantos anos, como no caso do PIS/COFINS, afeta outros setores, mas o agronegócio, por gerar muitos outros negócios que ajudam a movimentar a economia, é o principal prejudicado.
É verdade que incentivos fiscais precisam ser bem aplicados, mas se estão contribuindo para o desenvolvimento, criando empregos e gerando tributos na fase seguinte da economia, precisam ser mantidos. O que o governo deveria fazer para melhorar seu desempenho fiscal é gastar menos, evitar medidas populistas que refletirão negativamente nas arrecadações futuras. Em vez de retirar subsídios, é necessário reduzir as despesas públicas e evitar o paternalismo que induz a população à dependência do governo.
O melhor apoio que se pode oferecer aos necessitados é criar empregos para que deixem de depender das bolsas governamentais. Mas, com cortes de incentivos ao setor produtivo, não se criam empregos; ao contrário, perdem-se empregos. A classe necessitada precisa entender isso, até se entende; agora, intelectuais, artistas, jornalistas, banqueiros ou professores e até políticos não entenderem isso, é muito triste para o futuro do nosso país. Com esse comportamento dessas elites, chegamos à conclusão de que, se a farinha é pouca, meu pirão primeiro. Dessa forma, confirma-se que nem tudo o que reluz é ouro. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro