Os reflexos da paralisação dos caminhoneiros no setor agrícola de SC
Publicado em: 04/06/2018
O Governo de SC começa a quantificar as repercussões econômicas para o Estado, em função da greve dos caminhoneiros.
Um dos setores mais afetados com a paralisação, o agronegócio catarinense, tem o retorno à normalidade das principais atividades com o abate de aves e suínos e a coleta de leite das propriedades. “O setor da agricultura sofreu muito, porque além do grande volume de cargas que movimenta, trabalha com produtos perecíveis”, observou o secretário de Estado da Agricultura e Pesca, Airton Spies, que complementou: “Ainda assim, passamos por esse momento de extrema dificuldade, atuando no limite, mas saímos dele com a imagem preservada de um setor que produz com excelência e é referência em sanidade”.
Spies aponta que a agroindústria catarinense é responsável pela produção de, aproximadamente, 7 milhões de suínos e 206 milhões de aves, sendo que em situações de normalidade são abatidos cerca de 40 mil suínos e 3,2 milhões de aves por dia. Com as dificuldades para alimentar, abater e armazenar os animais, o secretário explicou que a comunicação entre o serviço público e a iniciativa privada foi permanente durante os dez dias de greve dos caminhoneiros.
“Usamos de todas as técnicas para minimizar os efeitos que pudessem causar a morte de animais, principalmente por inanição”, destacou Spies. Segundo o secretário, optou-se por práticas como apagar as luzes das granjas, para reduzir o metabolismo dos animais e evitar ainda mais desgaste. Como não foi possível utilizar a ração balanceada para a alimentação, Airton Spies antecipou que aves e suínos provavelmente não atingirão os padrões de porte e peso. “Foi um esforço árduo e conjunto, mas conseguimos preservar a vida e a biossegurança”, acrescentou.
No setor leiteiro, a volta das coletas nas propriedades também representa um alívio para os cerca de 48 mil produtores que entregam leite em Santa Catarina. A produção diária no Estado chega a, aproximadamente, 6,5 milhões de litros, conforme dados da Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca.
Também prejudicado, o setor de hortigranjeiros voltou a recuperar o ritmo de produção com a normalidade do abastecimento do Ceasa. Para estimular o setor produtivo, o Governo do Estado reforça a importância de que, num exemplo de solidariedade e união, a preferência seja pelo consumo dos produtos catarinenses.
Por outro lado, o governo federal decidiu cancelar parte de gastos de uma série de programas para cobrir o buraco orçamentário provocado para atender as concessões que foram feitas aos caminhoneiros.
Os cortes constam de edição extraordinária do “Diário Oficial da União”, e segundo o governo federal, visa viabilizar o desconto de R$ 0,46 por litro do diesel nas medidas anunciadas pelo governo para o fim da greve. O abatimento no preço do diesel é parte do acordo firmado pelo governo com caminhoneiros para colocar fim à greve. Para viabilizar o subsídio do diesel, o governo está cancelando gastos públicos em diversos setores. O Ministério da Agricultura teve corte de R$ 12,3 milhões.
Para SC especial preocupação com os cortes de recursos para a Defesa Sanitária, que é nosso diferencial nas exportações de carnes. Mais de R$ 3 milhões cortados nessa área. O seguro agrícola perde R$ 3,4 milhões.
Entre os programas federais que perdem recursos, estão diversos do setor agrícola. São eles:
• Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultura Familiar;
• Desenvolvimento de Assentamentos Rurais;
• Promoção da Educação do Campo;
• Obtenção de Imóveis Rurais para Criação de Assentamentos da Reforma Agrária;
• Implementação da Defesa Agropecuária;
• Fortalecimento do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa);
• Assistência Técnica e Extensão Rural para o Produtor Rural ;
• Apoio ao Desenvolvimento de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono – ABC;
• Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias para a Agropecuária;
• Equalização de Taxa de Juros em Financiamento à Inovação Tecnológica (Lei nº 10.332, de 2001);
• Funcionamento dos Terminais Pesqueiros Públicos de Propriedade e Administração da União.
Fonte: Fecoagro e G1