Preço dos grãos caem, exportações de carnes crescem: confira no Boletim Agropecuário de julho
Publicado em: 24/07/2023
Os principais grãos cultivados em Santa Catarina tiveram redução no preço pago ao produtor em junho. Trigo, arroz, feijão, milho e soja apresentaram decréscimo no valor em comparação com o mês anterior. Já a exportação de carnes de frango e suína cresceu e, no acumulado do primeiro semestre, registrou altas tanto em quantidade exportada como em valor movimentado. As informações foram divulgadas no Boletim Agropecuário do mês de julho. O documento é uma publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e tem como objetivo reunir informações conjunturais sobre alguns dos principais produtos agropecuários de Santa Catarina. A íntegra do Boletim pode ser consultada no site do Observatório Agro Catarinense, da Epagri/Cepa e da Secretaria da Agricultura (SAR).
Entre maio e junho, os preços recebidos pelos produtores de trigo caíram 4,53%. O preço médio mensal da saca de 60 kg fechou em R$70,12. Na comparação anual, em termos nominais, os preços recebidos em junho deste ano estão 32,99% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2022. O preço da saca de trigo no mercado interno vem caindo desde julho do ano passado. No mercado internacional, os preços oscilaram bastante no período, tanto por questões de câmbio como por retração nas vendas dos países exportadores.
Para o feijão, no mês de junho, o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca fechou em R$ 229,42 a saca de 60 kg, uma redução de 13,55% em comparação com o mês anterior. Para o feijão-preto, o preço médio recuou 8,91%, com média mensal de R$ 195,61 a saca de 60 kg. A redução nos preços do feijão já era esperada para essa época do ano porque, com o término da colheita do feijão segunda safra, sobretudo no Sul do país, há um aumento da oferta. Na safra 2022/2023, a área total plantada com feijão em Santa Catarina (soma da 1ª e 2ª safra) caiu aproximadamente 11%. Por outro lado, a produtividade média teve um incremento de 22%, o que resultou em um aumento de produção de 9% em relação à safra anterior.
No mercado interno do milho, os preços foram pressionados em junho. No Estado, as cotações recuaram 4,9% em relação ao mês anterior e 37,8% em relação ao mesmo mês de 2022. Por outro lado, depois de dois anos consecutivos de perdas na produção do milho em função da estiagem, na safra 2022/2023 houve uma recuperação. A produção estadual total, estimada no fechamento da safra, foi de 2,88 milhões de toneladas, cerca de 800 mil toneladas a mais do que na safra anterior. Esse volume é significativo para o Estado, que apresenta um déficit superior a 5 milhões de toneladas nos últimos anos. No Brasil, está prevista uma produção total de 127,7 milhões de toneladas de milho, elevação na ordem de 13% sobre a safra passada.
A soja no Brasil, a confirmação de uma safra recorde em 2022/2023 de 155,7 milhões de toneladas continua pressionando os preços da soja no mercado interno. No Estado, a cotação de R$ 124,39 a saca de 60 kg, média recebida pelos produtores em junho, foi a menor desde 2021. A produção da leguminosa em Santa Catarina, quando consideradas a primeira e a segunda safras, totalizou 3,02 milhões de toneladas segundo a estimativa final divulgada em junho. A safra 2022/2023 é a maior da série histórica levantada pelo Epagri/Cepa e pelo IBGE no Estado. O aumento sistemático da área cultivada, a evolução tecnológica e as condições climáticas resultaram nessa produção recorde.
A safra 2022/2023 de arroz está encerrada em Santa Catarina com recorde de produção. Como já esperado para este período do ano, os preços do arroz em casca caíram tanto aqui como no Rio Grande do Sul. Comparativamente ao mês de maio, os preços caíram 1,67% em Santa Catarina no mês de junho, com média fechada em R$ 78,75 a saca de 50kg. Na primeira quinzena de julho, os preços mostraram tendência de estabilidade, apesar de ainda estarem em baixa, com média parcial de R$ 78,59 a saca de 50kg. Isto se deve ao encerramento da colheita e consequente comercialização. Para o segundo semestre do ano, espera-se uma elevação dos preços, dado que boa parte da produção já foi comercializada e outros fatores tendem a manter o mercado aquecido, como as exportações e uma relação estoque-consumo baixa em razão da quebra da safra gaúcha.
No setor de carnes, Santa Catarina exportou 59,6 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em junho, alta de 10,4% em relação às exportações do mês anterior e de 17,9% na comparação com as de junho de 2022. As receitas foram de US$ 150,5 milhões, crescimento de 8,0% em relação às do mês anterior e de 21,6% na comparação com as de junho de 2022. No acumulado do 1º semestre deste ano, o Estado exportou 320,1 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 793,9 milhões, altas de 14,7% e 25,9%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2022.
No acumulado do 1º semestre deste ano, o Estado exportou 320,1 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 793,9 milhões, altas de 14,7% e 25,9%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2022. Esses números representam os melhores resultados para o período de toda a série histórica (iniciada em 1997). Para Tabajara Arcontes, da Epagri/Cepa, apesar de as importações de leite terem crescido significativamente neste primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior, essa movimentação não é tão atípica quando os números são avaliados em longo prazo. Em comparação, por exemplo, com o segundo semestre de 2022, o crescimento foi de 13,8%. Já no segundo semestre de 2016, as importações de leite e derivados chegaram a 139,2 milhões de quilos, número maior do que o registrado no primeiro semestre de 2023. Apesar de não serem tão excepcionais quanto parecem à primeira vista, as importações do primeiro semestre deste ano influenciaram o crescimento da oferta de leite, com reflexos importantes no mercado interno. Em julho, pela primeira vez no ano, o preço médio recebido pelos produtores foi menor do que o do mesmo mês de 2022: R$ 2,50, tanto em quantidade embarcada quanto em receitas.
Fonte: Epagri/CEPA