Ainda existe desconhecimento sobre o agro no meio urbano

Por Ivan Ramos

Não restam dúvidas que a pandemia que atingiu o mundo nos últimos dois anos provocou muitas mudanças de hábitos, forçando pela necessidade de novos comportamentos das pessoas, para garantir a sua sobrevivência. Não apenas devido o risco da doença e necessidade de preservação da saúde, mas também pelos novos costumes no dia a dia, adaptando-se a nova realidade dos tempos. Muitas atividades já existiam, mas ficavam restritas ao meio interno de cada setor, e a maioria da população desconhecia, muito embora fosse usuária de forma indireta. O exemplo mais evidente foi uso da tecnologia da informação, que foi uma grande aliada de superação das dificuldades do lockdown, ou confinamento, nas atividades profissionais e particulares, que contribuíram para que a população ampliasse o seu uso, e conhecesse a fundo o que ela pode proporcionar em todas as áreas. Outro setor que dominou a opinião pública em termos de importância na pandemia do Covid 19, foi a produção de alimentos. A mídia ajudou na difusão, embora muitas vezes de forma distorcida, mas possibilitou que mais gente tivesse conhecimento sobre as atividades agropecuárias, no campo e nas agroindústrias nos meios urbanos. O agro foi o único setor que nunca parou na pandemia. Ao contrário, quando possível, ampliou as atividades, a fim de garantir os alimentos para quem ficou em casa, por opção ou por determinação legal. Com certeza muita gente das grandes cidades ficou sabendo que o leite não dá na prateleira de um supermercado; que a carne não nasce no açougue; e que o feijão da feijoada só existe porque contém produtos que vêm do campo e que para chegar aos consumidores finais tem uma trajetória longa, onerosa, que corre muitos riscos e muitas vezes, com prejuízos. Pelo menos para isso se pode dizer que a pandemia trouxe uma boa lição à população de modo geral. O que o setor agro ainda lamenta, é a falta de valorização da atividade por parte de muitos líderes políticos ou administradores públicos. A população urbana desconhecer a importância do agro, até se admite. Mas pessoas esclarecidas, como parlamentares, secretários de estado e administradores públicos ignorarem a importância do setor, é inadmissível. Infelizmente ouvimos recentemente de um secretário de Estado, de que entidades do agro não contribuem nada com a arrecadação de tributos. Uma afirmação dessa natureza ou é má fé e visão imediatista e corporativista de que tem seus salários e benefícios assegurados pela estabilidade de emprego, ou é prepotência com visão míope sobre a situação. Qualquer pessoa que conhece o mínimo de economia sabe que geração de tributos vem de um processo de negócios  e que não necessariamente é no início da cadeia que se recolhe impostos.  Quem produz é quem gera o tributo para recolhimento no final e com valor agregado. Portanto, acusar as cooperativas e agroindústrias de não recolhem nada de ICMS, por exemplo, e não reconhecer que as suas operações é que fazem girar a economia que possibilitam impostos na ponta final. Se não existir a ponta inicial da atividade econômica, não teremos o tributo final. Enquanto tivermos autoridades com Poder, pensando e agindo dessa forma, infelizmente o agro precisará sempre estar com o pires na mão, se humilhando e pedindo arrego para o governo valorizar o setor agropecuário. Será que um dia os governos irão valorizar o setor mais importe para a população? Pense nisso. 

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