Os reflexos do serviço público em um ano eleitoral

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC.

A administração pública no Brasil efetivamente é uma arte que muita gente não consegue entender. As suas contradições se evidenciam ainda mais em um ano eleitoral. Se o regime é fechado, funcionários públicos não têm direito a voz, nem vez. Ou aceitam ou podem ir pra guilhotina. Se o regime é democrático, confundem interesses individuais de determinada categoria profissional, com direito coletivo, devidamente democrático e equalitário, pois na maioria das vezes, cada um defende o seu assado. Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro. E aí o gestor público da ocasião, fica no meio do fogo cruzado.

Quando o detentor do cargo de comando é coerente, eficiente, competente, tenta negociar e conciliar os interesses. Quando é demagogo, e exageradamente político, promete o que não pode, e os recursos públicos vão para o ralo para atender essa ou aquela categoria, em detrimento da maioria da sociedade. Por sua vez os reivindicantes, geralmente funcionários com estabilidade de emprego, bem remunerados, articuladores políticos, quando não, sindicalistas, são quem provocam movimentos, greves, paralizações, ação tartarugas, e outros meios de pressão, para avançarem nas conquistas corporativistas. E aí a máquina pública emperra.

Em um ano eleitoral, os reflexos são ainda maiores, pois os administradores públicos  e políticos querem agradar a todos, para não se indisporem nas eleições, e então o cobertor fica cada vez mais curto. Diante desta situação, o que não é levado em conta quem efetivamente gera os impostos para cobrir todos esses custos. Na maioria das vezes, as greves ou paralizações, afetam o setor produtivo que faz girar a máquina, para gerar impostos para pagar todas as contas governamentais. Com as paralizações, ficam impedido de produzir mais, criando um círculo vicioso, de gente gastando e gente não pode gerar receitas. Parece que o bom senso não faz parte  de determinados servidores públicos. Acham que dinheiro cai do céu. Já foram inúmeros os problemas causados aos setores econômicos devido a esse comportamento.

Neste momento  é o setor de exportação e importação do agro que sofrem com a paralização nas fronteiras  para trazer cereais do Paraguai e remessa de fertilizantes para lá. Milhares de caminhões parados nas divisas, porque fiscais da Receita Federal e do Ministério da Agricultura, estão em  operação tartaruga,  por não serem atendidos os seus pleitos salariais, pelo governo federal. A consequência é mais  problemas no setor produtivo, redução de vendas, e menos tributos, e parece que não entendem que a ação é tiro no pé.  A democracia é importante, o direito de reivindicar também, mas desde que não prejudique o direito dos outros. Será que um dia vamos ter uma solução para esse tipo de comportamento corporativistas que só tem atrasado nosso país? Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

 

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