Pesquisa valida alta qualidade tecnológica do trigo nacional

Foto: João Leonardo Pires.

O Brasil produz trigo de alta qualidade. É o que atesta a pesquisa conduzida pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Embrapa Trigo (RS) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) com o trigo cultivado no Cerrado Mineiro. Além do desempenho tecnológico, mostra bom rendimento no campo e na agroindústria, com características especiais que habilitam seu uso na panificação industrial, segundo a Instrução Normativa nº 38/2010, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A expectativa é que o resultado incentive ações de pesquisa e desenvolvimento para geração de novas cultivares adaptadas ao solo nacional e estimule políticas públicas de fomento à cadeia produtiva, reduzindo a dependência brasileira da importação do cereal.

Na pesquisa foram estudadas 34 amostras provenientes de 12 genótipos de trigo desenvolvidos pela Embrapa e cultivados sob sistemas irrigado e de sequeiro, em cinco municípios do Cerrado Mineiro. Os testes clássicos de caracterização físico-química e reológica (viscosidade) das amostras de trigo tropical mostraram qualidade tecnológica muito boa. As análises indicaram elevada força de glúten na maior parte delas, comprovando que o cereal é apropriado para ser utilizado na panificação ou mesmo em mescla com trigo de força menor, em caso de ser melhorador.

Além dos estudos reológicos clássicos, a equipe de pesquisa realizou uma abrangente caracterização do amido, a partir de análises inéditas com o trigo do Cerrado. A equipe promoveu uma correlação estatística com 36 variáveis, que compreenderam desde aspectos ligados ao plantio até a transformação industrial do trigo em farinha para uso alimentício.

Os dados analisados pelos pesquisadores e publicados no artigo científico indicam que o Cerrado possui grande potencial para se tornar uma das maiores regiões produtoras de trigo de alta qualidade no mundo.

Com a alta global de preços de cereais como o trigo, que aumentou mais de 50% nas últimas quatro décadas segundo o índice global de preços da Organização das Nações Unidade para a Agricultura e Alimentação (FAO), a expansão da produção de trigo em território nacional com qualidade e produtividade pode tornar o país menos dependente dos impactos do mercado internacional.

A questão logística afeta negativamente a triticultura, devido aos altos preços do transporte terrestre em um país com dimensões continentais como o Brasil.

Para tentar superar esta dificuldade, no setor privado começa a ser observada uma estratégia comercial dos moinhos em subsidiar uma parte da produção nacional de trigo com garantia de compra após a colheita. Com a cevada, por exemplo, praticamente toda a produção é comprada pelas fábricas de cerveja nacionais.

O Programa de Melhoramento Genético de Trigo da Embrapa desenvolve cultivares adaptadas a cada uma das regiões brasileiras.

Desenvolver pesquisa de variedades de trigo para produção de ração para ajudar no suprimento de matéria-prima para o setor de proteína animal, parece não estar nos planos da Embrapa. Pelo menos não está sendo citado.

Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos, com acréscimos da Fecoagro.

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