Crise dos fertilizantes na União Europeia está se tornando uma crise alimentar

Preços dos alimentos estão em alta e sem perspectivas de baixa, porque falta insumos para produzi-los (Bet_Noire_Gettyimages).

A Europa está em crise há dois anos, sem colocar na conta a Grande Recessão pós-2008 e o Brexit – a saída do Reino Unido da União Europeia. A mais recente crise é bem conhecida: a energia. A outra crise é a do alimento e os insumos necessários para cultivá-lo, muitos dos quais são derivados de petróleo e gás, ou requerem insumos calóricos maciços para a produção. Essas crises se devem a falhas políticas e à guerra russa com a Ucrânia. Está aí a mais recente de uma linha de “realizações” da UE na capacidade de atirar no próprio pé.

A empresa Yara International, na Noruega, disse que cortará a produção de fertilizantes à base de nitrogênio diante da disparada dos preços do gás natural, pressionando mais a inflação dos alimentos em uma região destruída pelos altos preços das commodities.

Outras empresas de fertilizantes na Europa estão interrompendo temporariamente as operações por causa dos altos custos de insumos – principalmente gás natural. O cenário está piorando porque Gazprom não está mais enviando gás via Nord Stream, o gasoduto Rússia-Alemanha que era uma das principais fontes de gás natural importado para a Europa Ocidental. Esta é a punição de Putin à Europa por apoiar a Ucrânia.

No entanto, os preços do gás natural caíram recentemente, à medida que os especuladores saíram de cena, após enormes altas nos preços este ano. O levantamento da proibição do tracking pelo Reino Unido e as conversas sobre um retorno à energia nuclear também ajudaram a baixar os preços. Mas preços do gás natural terão que continuar caindo. Eles ainda estão acima de US$ 100 (cerca de R$ 540) por megawatt-hora em relação a junho.

Esse impacto está sendo sentido no negócio de fertilizantes, que está encolhendo nos últimos tempos. As empresas Grupa Azoty e a PKN Orlen  [do setor químico da Polônia] anunciaram planos para parar de produzir fertilizantes à base de nitrogênio, em agosto, junto com a Yara. A CF Fertilizers, do Reino Unido, parou de produzir fertilizantes em setembro de 2021, citando custos de insumos associados a combustíveis fósseis.

Cerca de 70% do custo de produção de fertilizantes estão no preço do gás natural. A Europa precisa que esses preços continuem a cair.

A Rússia foi bloqueada do mercado, mas os preços mais altos obtidos por seus produtos – como fertilizantes – significam que as empresas estão resistindo às sanções, por enquanto.

A Rússia é responsável por cerca de 10% da produção global e 20% do comércio internacional de fertilizantes.

Fonte: Forbes Agro.

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