As expectativas do agro para o novo governo

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC

Baixado um pouco a poeira após as eleições, embora ainda exista uma camada expressiva da população que não se conforme com a forma que foi conduzida, já começa a aparecer qual será o comportamento do novo governo, na economia e em consequência no setor agropecuário. As primeiras falas do presidente eleito não agradaram o mercado, tanto que as bolsas de valores caíram e o dólar subiu, numa clara demonstração de falta de confiança no próximo governo.

Os argumentos de que precisa se preocupar com o social, ignorando o econômico, parece que ainda se está em campanha eleitoral, quando se promete o possível e o impossível para enganar o eleitor. Todos nós sabemos que não existe social sem o econômico. Contrariar o fluxo internacional dos mercados, é querer ser independente do mundo, sem condições para tal, é um grande engano.

A proposta que está sendo ventilada de tributar os produtos agrícolas, para evitar as exportações e sobrar mais alimentos para a população brasileira, é outra aberração sem precedentes no país, e qualquer pessoa sensata se assusta, pois não é regulando mercado, que se aumenta a oferta de produto. Ao contrário, pode haver redução de oferta pelo desestímulo aos produtores. O mundo já teve experiência disso, e nós na América do Sul, temos exemplos bem próximos, a começar pela vizinha Argentina.

Se quisermos melhor distribuição de renda à população, para aumentar seu poder aquisitivo nos alimentos, temos que ampliar a produção, e paralelamente melhorar a oferta de trabalho, para que as pessoas possam adquirir o alimento, e isso só se consegue com movimentação econômica no país. Até mesmo as contas públicas precisam de maior movimento econômico para gerar tributos, para que o governo possa fazer o social que promete. Agora, se a meta é continuar dando o peixe, ao invés de ensinar a pescar, daí vai prevalecer a filosofia ideológica, não adianta ficarmos defendendo a livre iniciativa, diante de quem não quer mudar e pretende o paternalismo, para ter a população eternamente dependente do governo. Os anúncios e críticas durante a campanha eleitoral, e os pronunciamento do presidente eleito pós eleições, nos levam a acreditar que efetivamente há a pretensão de não valorizar quem produz.

O que se espera é que aquela camada de simpatizantes afinada com o novo governo, e que são liberais, e devem ser, pois estão nas atividades econômica e financeira, consiga sensibilizar os governantes que precisa existir livre mercado, sem tributação exagerada, para que o país sobreviva e prospere, e não descambe para os piores modelos que todos nós conhecemos, onde se prega o social, mas a população fica cada vez mais pobre,  e os detentores do Poder cada vez mais ricos, gastando descomedidamente os recursos públicos, com mordomias impublicáveis. O agro, principal motor da nossa economia, espera que alguém do novo governo pense no progresso e não no retrocesso. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

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