Argentina adota ‘dólar soja’ pela segunda vez neste ano

O governo argentino baixou um decreto em que instituiu o “dólar soja”, medida que tem o objetivo de atrair dólares ao país com uma taxa de câmbio diferenciada, a fim de favorecer as exportações de soja. Ele é cotado a 230 pesos, 65 mais alto do que o atual, que vale cerca de 165 pesos. O resultado disso é aumento do interesse de exportação por parte do agricultor argentino, que vê a soja dele ganhando competitividade no mercado internacional, mesmo que de forma artificial. A consequência desejada pelo governo de Alberto Fernández é justamente o aumento na entrada de dólares no país, o que ocorre quando as exportações aumentam. E, com mais divisas, há espaço para pagar a dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Quando o governo argentino adotou a cotação artificial do dólar para favorecer exportações de soja, houve um incremento enorme nas vendas externas. “Isso aconteceu porque o câmbio especial tornou o preço da soja mais atraente em pesos, favorecendo as vendas dos produtores e, ao mesmo tempo, deixando os preços em dólares mais interessantes para os importadores, já que o aumento na oferta do grão reduziu os preços da soja argentina na moeda americana, atraindo compradores internacionais”, explica Danielle Siqueira, analista de mercado da empresa. A consultoria não projeta vendas tão volumosas. Ainda que não sejam renovados os patamares de venda, os agricultores de lá correram para comercializar. Na semana passada, mais de 500 mil toneladas foram vendidas com o novo “dólar soja” argentino.

Para o Brasil, que é grande exportador de soja, a medida chama a atenção, pois a Argentina poderia abocanhar parte do nosso mercado para embarques futuros programados em 2023, diz a AgRural. Já a Terra Agronegócio avalia que a medida atual tem validade até 31 de dezembro de 2022, o que diminui riscos de impactos diretos no momento.

A Argentina já registrou cerca de 15 tipos de câmbio durante o governo Fernández. Já houve “dólar Catar”, “dólar luxo” e, agora, “dólar soja”. A baixa disponibilidade de reservas cambiais é um dos motivos que levou o ministro da Economia, Sérgio Massa, a adotar o “dólar soja” – também conhecido como dólar exportador – para adiantar a entrada da divisa e estabilizar as reservas.

A medida evidencia o desafio fiscal do país, que vive uma crise econômica e busca alternativas para ampliar as reservas e evitar um calote na dívida com o FMI. Para nós, cabe ficar de olho se novos programas como esse voltarão a ser implementados no ano que vem. Dependendo do momento, poderão afetar as exportações brasileiras.

Fonte: Por Redação Avicultura Industrial com informações de Jovem Pan.

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