Produção brasileira de trigo bate recorde

No balanço final, mais uma safra recorde na produção de trigo no Brasil. A produção deste ciclo atingiu 9,5 milhões de toneladas, um aumento de aproximadamente 24% em comparação a 2021, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Apesar desses números, porém, a safra foi marcada por contrastes em diferentes regiões produtoras do cereal. No Paraná, por exemplo, os números finais de produção fecharam em 3,38 milhões de toneladas, valor abaixo do potencial que o Estado possui. Ainda assim, o volume foi cerca de 5% maior que o produzido em 2021. “No Norte e Centro-Oeste paranaense, a queda na produção foi decorrente da falta de chuvas até o mês de agosto. Já nas demais regiões, as geadas e chuvas na colheita reduziram não só o volume, como também a qualidade”, destaca o analista de trigo do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), Carlos Hugo Godinho.

Segundo ele, apesar disso, a área de trigo no Estado poderá contar com aumento para a próxima safra, sobretudo em regiões que possam atrasar a colheita da soja e, consequentemente, a semeadura do milho segunda safra.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o cenário foi outro. As safras de trigo nesses Estados foram recorde em área e produção, e a cultura foi uma grande aliada dos produtores para balancear o fluxo de caixa após as frustrações da safra de verão.

“Tivemos uma seca bem grande na soja e no milho, então ficamos com um prejuízo e o trigo veio para ajustar as contas, nos dando um auxílio enorme”, revela o agricultor de Tapera (RS), Alexandre Picinin. O produtor atingiu uma média de 86 sacas por hectare em sua lavoura, que ainda contou, em algumas áreas, com produtividades acima de 100 sc/ha.

“Um fator que evoluiu consideravelmente nos últimos anos foram as cultivares, que cada vez mais saem melhores em questão de produtividade e fitossanidade. Isso nos anima muito”, comenta.

De acordo com o diretor técnico da Emater/RS, Alencar Rugeri, o acréscimo na área de trigo no Estado, além dos benefícios que a cultura traz ao sistema de produção, está diretamente ligado às expectativas de remuneração por parte dos agricultores.

“Atualmente, temos a tranquilidade de que o trigo possui um espaço generoso no Estado, por suas alternativas de mercado, como o moageiro, de exportação, para ração, etanol, entre outros, e pelo avanço tecnológico da genética, em que a cultura é uma das principais expoentes nesse quesito”, afirma. Para Rugeri, ao que tudo indica, o Estado deverá contar com uma expansão da área de trigo na próxima safra. “O cenário é positivo e o produtor quer. Tenho a convicção de que a safra de 2022 será um divisor de águas entre o produtor de trigo e o triticultor”, declara.

Em SC e maneira geral, pode-se considerar uma safra boa, tanto em quantidade quanto em qualidade, com produtividade variando de 50 a 65sc/ha, e PH entre 73 e 80. Em todo o Estado, cerca de 90% da área destinada ao cultivo do trigo já foi colhida. Até o momento, as estimativas apontam para uma área plantada de 139,7 mil hectares, o que representa um aumento de 36% em relação à safra passada. A produtividade deverá crescer cerca de 1%. Nesta safra, a expectativa é de se colher mais de 479,5 mil toneladas, o que representa um crescimento de 38% em relação à safra anterior.

Nos municípios da região do Planalto Norte foi marcado pela grande evolução nas operações de colheita, segundo relatório divulgado pelo CEPA-EPAGRI. Em novembro as lavouras colhidas apresentaram menor potencial  de produtividade e qualidade por conta da ocorrência de chuvas. Estas, favoreceram a ocorrência de giberela nos grãos, o que levou alguns produtores a acionar o seguro agrícola. A partir da segunda  quinzena de novembro, as condições climáticas se estabilizaram, permitindo a normalização dos trabalhos de colheita, que avançaram significativamente. A novidade foi um produto de excelente produtividade e qualidade de grão.

Na região do Alto Vale do Rio do Peixe, as últimas semanas de novembro foram de pouca chuva, sol e calor.  Com essa condição, as operações de colheita avançaram significativamente, com término na última semana de novembro.

Já na região do  Planalto Serrano, região mais alta, onde os cultivos ocorrem mais tarde, a colheita, já iniciada, deve prosseguir até o mês de janeiro. Nessas duas regiões, o produto colhido vem sendo considerado de excelente qualidade e produtividade.

Na região do Meio Oeste Catarinense, a segunda quinzena de novembro foi marcada por sol, calor e chuvas esparsas. Apesar disso, a colheita evoluiu de forma satisfatória. A produtividade mais comum para as lavouras tem oscilado entre 60 e 80sc/ha, com excelente qualidade, PH 78 e, acima disso, em 90% da produção colhida.

Nas regiões do Extremo Oeste e do Oeste Catarinense, a colheita está encerrada. A produtividade média das lavouras dessas regiões, em função das condições de clima, principalmente durante o mês de outubro, foi bastante variada.

Fonte: Canal Rural / Epagri-Cepa.

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