Agricultor brasileiro continua apreensivo nas compras de fertilizantes

O aumento de demanda esperado para os próximos meses para os fertilizantes no Brasil  deverá impactar as cotações, mas agentes do segmento não acreditam em fortes oscilações de preços como em anos recentes. “O mercado mundial de fertilizantes está entrando em um novo ponto de equilíbrio de preços e oferta com novos fornecedores entrando na jogada”, disse  Paulo Craveiro, coordenador da Datagro.

“No ano passado, o movimento foi mais acelerado em função do receio de falta de produto devido à guerra, e o produtor está mais cauteloso em 2023 para travar compras de fertilizantes e defensivos porque o preço da soja caiu um pouco nos últimos meses”, diz Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O produtor tem tempo ainda para receber produtos, sem que comprometa o fluxo de preparação de plantio na propriedade, até meados de julho e início de agosto. “Mas, para isso, ele vai começar a travar as compras com mais velocidade a partir de agora para não ficar à mercê da logística lá na frente”, diz Gauer.

A ureia (nitrogenado), um dos nutrientes mais usados pelo agricultor, foi a única a subir em abril. A tonelada da ureia reagiu porque o produtor dos EUA saiu às compras com atraso. “O produtor sempre está esperando que a cotação ceda um pouco mais”, afirma Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria  StoneX.

O fator clima também atrasou um pouco as compras americanas neste ano, acrescenta Flavia Bohone, especialista em fertilizantes da Argus. A ureia foi cotada na terceira semana do último mês a cerca de US$ 330/tonelada (preço no porto no Brasil). Em um ano, a queda é de 61%. No acumulado de 2023, a ureia recuou 32%, segundo a Argus. Apenas no acumulado de abril, até a terceira semana, a ureia reagiu pouco mais de 7%.

“Para MAP e ureia é possível que a gente comece a ver um pouco mais de demanda local a partir de maio. Qual será o impacto em preços, será preciso aguardar”, afirma Flavia. A Argus não faz projeção de preços, porém, traça tendências. “É natural que a demanda venha e o preço suba. Mas o comprador, produtor agrícola, não parece muito interessado em aderir a aumentos fortes”, continua.

O agricultor brasileiro, cada vez mais cauteloso em sua tomada de decisão de compra, sabe que há estoques locais. Segundo a Anda, que reúne as indústrias que atuam no país, o setor chegou ao fim de 2022 com estoque de 7,6 milhões de toneladas, alta de 12,5% em um ano.

Fonte: informações do Valor Econômico, com adaptações pela equipe da MilkPoint.

Leave a Comment

Pular para o conteúdo