Falta reconhecimento sobre a importância do agro

Por Ivan Ramos diretor-executivo da Fecoagro/SC.

É impressionante como torna-se difícil a nossa sociedade reconhecer a importância do agro para a nossa sobrevivência. Não apenas por ser o setor responsável pela produção do nosso alimento, mas também porque ele faz girar o restante da economia, portanto, com repercussão direta nas atividades de todas as pessoas. E a falta de valorização não é apenas no cidadão comum que vive nas cidades, mas por pessoas esclarecidas, por políticos e administradores públicos que não reconhecem que os produtos que consumimos, não nascem nas prateleiras dos supermercados, e que por trás disso existe um trabalho incessante, permanentemente, nos 365 dias do ano, com qualquer clima e tempo, nem hora do dia ou da noite. Até governantes ditos populares, chegam a taxar o agro de fascista, como argumento eleitoral para agradar outra camada do eleitorado que é sempre do contra.

Em nível de país não é considerado que o agro é o principal propulsor das atividades econômicas e gerador de divisas internacionais nesse mundo globalizado. Poucos sabem que no mundo, somos os primeiros na produção de soja, café, açúcar e suco de laranja; o segundo maior produtor de carne bovina, carne de frango, etanol e tabaco; o terceiro maior na produção de milho e algodão, e o quarto na produção de carne suína. Ao par disso, o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo nas exportações de soja, milho, açúcar, café, tabaco, carne bovina e carne de frango. Portanto, com uma representatividade econômica fantástica, não apenas recolhendo tributos diretos, como também movimentando outros setores da economia que pagam impostos. Mesmo assim, quando se trata de apoiar o setor agropecuário, em qualquer nível de governo, é sempre uma longa novela. Se prioriza outros setores em detrimento do agro. A cada Plano Safra a ser anunciado para apoiar o setor, é uma guerra de argumentos para pelo menos manter o que já foi conquistado em termos de incentivo.

No Estado não é diferente. Quando se trata de apoiar a agricultura, a área fazendária só se preocupa em arrecadação direta, e opta em cortar incentivos destinados à agricultura. Os secretários de Agricultura ficam sempre de mãos amarradas e dependentes das decisões da Fazenda. As afirmativas de determinados governantes que a agroindústria e as cooperativas não recolhem impostos é uma justificativa falaciosa, sem análise mais profundada da cadeia produtiva e da origem da comercialização agropecuária, e dos demais setores que a agricultura se envolvem numa comunidade. Quando se conquista algum avanço em termos de incentivo ao agronegócio, mudam os governantes e começa tudo de novo, fazendo cortes, e nesse caso, querendo matar a galinha dos ovos de ouro. O que tem acontecido é que entra governo e sai governo, governos técnicos ou políticos na gestão financeira a choradeira é sempre a mesma e pouco se priorizada para o agro.

Em SC agora estão querendo cortar os incentivos por exemplo do programa Terra Boa, ou Troca-Troca, que além de ser um estimulador do uso de melhor tecnologia e consequente aumento da produtividade, atende os pequenos agricultores e aumento da renda no campo, assim como um contribuidor para redução da evasão de tributos com produtos originários de outros estados. Será que um dia vamos ter governantes com mais sensibilidade para com o setor agropecuário? Todos nós precisamos lembrar que se campo não planta, a cidade não almoça nem janta. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

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