Vazio sanitário no sul do país continua gerando polêmica

O problema da adoção de 100 dias para o plantio de grãos de verão continua gerando polêmica em SC. Enquanto técnicos do setor produtivo afirmam que o problema da doença da ferrugem asiática não atinge as áreas do sul do país devido ao clima frio, técnicos do Ministério da Agricultura defendem que precisa haver precauções para que a ferrugem não afete as lavouras e cause prejuízos ao setor. 

O vazio sanitário é o período definido e contínuo em que não se pode semear nem manter plantas vivas de soja no campo. Nesse período, plantas voluntárias devem ser eliminadas. O objetivo é reduzir a população do fungo no ambiente na entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra. Anualmente, os períodos de vazio sanitário são estabelecidos pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Para 2023, os períodos foram estabelecidos pela Portaria nº 781, de 06 de abril de 2023. O objetivo do calendário de semeadura é reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e, com isso, reduzir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas. Populações menos sensíveis a fungicidas inibidores da desmetilação, inibidores de quinona externa e inibidores da succinato desidrogenase já foram observadas no campo. Semeaduras tardias de soja podem receber inóculo esporos (sementes) do fungo nos estádios vegetativos, exigindo a antecipação da aplicação de fungicida e demandando maior número de aplicações. Quanto maior o número de aplicações, maior a exposição aos fungicidas e maior a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas. Para a safra 2023-2024, o calendário, para 20 estados e para o Distrito Federal, foi estabelecido por meio da Portaria SDA nº 840 de 07 de julho de 2023. Em SC, entidades do agro não concordam com os 100 dias determinados na Portaria, pois inviabilizam o plantio de soja e milho na safrinha. Reivindicam que, no caso de SC, seja estendido até 10 de fevereiro de 2024 o prazo para plantio, e não até o final de dezembro como está previsto na Portaria 840. 

O diretor de Vigilância Sanitária Vegetal da Cidasc, Alexandre Mess, defende a preocupação com o controle da doença da ferrugem asiática, entretanto considera que também precisa ser analisada a repercussão econômica na redução do tempo recomendado para o plantio. Especialmente em SC, onde a grande maioria dos produtores é de pequeno porte e tem na safrinha de verão uma renda complementar para as atividades no campo. Ele explicou as razões dessa medida adotada pelo Ministério da Agricultura, mas defende a ampliação do período de plantio. 

 

O presidente da Faesc também se manifestou sobre o assunto fazendo coro às entidades de defesa sanitária vegetal dos três estados do Sul, reivindicando ao MAPA a mudança do calendário. 

 

Fonte: Assessoria/Fecoagro

 

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