Planejamento agrícola: quem avisa, amigo é…

Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

Certamente você já ouviu essa frase um dia: “quem avisa, amigo é”. Ela é usada com frequência quando você quer advertir alguém de que existe algum risco na tomada de decisão. Quem conhece o assunto e quer evitar que seu amigo caia na mesma armadilha diz: “quem avisa, amigo é”. 

Por acaso você conhece alguém mais interessado no seu sucesso do que aqueles que participam de uma cooperativa? Isso vale para quem é funcionário, técnico, dirigente, associado ou entidades que defendem o setor. Nesse caso, vale a máxima: se estou no mesmo avião, não tenho interesse em criticar o piloto. Se ele se der mal, eu caio junto. Portanto, se alguém do seu setor, da sua cooperativa, te der um aviso, considere que é de um amigo. 

Infelizmente, isso não ocorre em uma boa parte dos agricultores, e até colaboradores das cooperativas. Ignoram orientações de quem já viveu problemas semelhantes e teimam em apostar em algo não recomendável. 

Nesse momento vivemos dois exemplos concretos dessa situação: o primeiro foi quando houve a recomendação de não retardar as aquisições de fertilizantes. Já existiam provas de que, nos preços da época normal das aquisições, havia rentabilidade para as lavouras, mesmo que os preços estivessem acima daqueles praticados em anos anteriores. Mas não. Os agricultores, e por consequência as cooperativas, preferiram esperar baixar mais os preços. O amigo havia avisado para não deixar para a última hora, pois havia risco de faltar o produto e, consequentemente, aumento nos preços. A ganância predominou e as compras ficaram para trás. 

Agora, em cima da hora do plantio, ocorreu o que se previa. Estão pagando mais caro. Outro exemplo: sempre foi recomendado retirar os pedidos contratados para evitar concentração na última hora. Mais uma vez a orientação foi ignorada. Agora, em cima da safra, sofrem a falta de capacidade de produção das indústrias, e os fertilizantes e os preços do frete foram às alturas. Infelizmente, essa é a rotina de uma boa parte dos agricultores todos os anos, e, por extensão, das cooperativas. A mania de sempre ganhar mais e mais tem levado a muitos prejuízos. 

Há que se lembrar do adágio popular que diz que é melhor um passarinho na mão do que muitos voando. Agora precisamos torcer para que os navios não atrasem para trazer as matérias-primas; que não haja congestionamento nos portos; que as fábricas consigam produzir em tempo hábil, em cima das necessidades da demanda, e ainda não corram riscos de disputa de logística de transportes para que o produto chegue na lavoura na hora precisa. 

Portanto, vale mais uma vez lembrar que é sempre bom ouvir as opiniões de alguém de tua confiança, porque quem avisa, amigo é. Pense nisso! 

Fonte: Fecoagro 

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