Centro de Socio Economia e Planejamento Agrícola da Epagri divulga relatório de previsão de safras e preços dos principais produtos agrícolas de SC

O Centro de Socio Economia e Planejamento Agrícola das Epagri divulgou seu relatório de previsão de safras e preços dos principais produtos agrícolas de SC, com dados concluídos no mês de outubro.  

Para o arroz, os preços seguem em ascensão desde julho, com perspectiva de se manter nessa trajetória. Em Santa Catarina, os preços ao produtor fecharam o mês de outubro com variação positiva de 1,14% em relação à média de setembro e variação de 1,41% na média parcial da primeira quinzena de novembro em relação a outubro. Embora esse comportamento seja esperado para esta época do ano, em razão do período de entressafra, outros fatores potencializaram esse efeito. O primeiro deles é a produção gaúcha, que, na safra 22/23, sofreu quebra decorrente de problemas com a estiagem e na safra 23/24 está com o plantio atrasado em razão do excesso de chuvas, o que pode resultar em redução da produtividade por não ocorrer na janela ideal de plantio. Outro fator importante é que a consequente menor produção brasileira na safra 22/23 veio combinada com estoque baixo dos demais países do Mercosul, que também enfrentaram problemas climáticos, reforçando a tendência de alta dos preços pela menor oferta interna.  

FEIJÃO 

No mês de outubro, o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca fechou em R$151,78/sc de 60kg, redução de 0,25% em relação ao do mês anterior. Para o feijão-preto, o preço médio permaneceu estável, fechando a média mensal em R$215,66/sc de 60kg. Na comparação com outubro do ano passado, o preço médio da saca, em termos nominais, está38,95% mais baixo. Para o feijão-preto, registra-se um incremento de 19,35% na variação anual. Nessa safra, o clima será o fator fundamental para a formação de preços. Com uma safra incerta no Sul do País, produtores e compradores têm dificuldade para determinar preços. Outro aspecto importante está relacionado à qualidade do produto colhido, o excesso de umidade, que tem propiciado o aparecimento de doenças. Os produtores, contudo, estão tendo dificuldades em realizar os controles fitossanitários por causa do excesso de chuvas e da umidade no solo, o que dificulta a entrada nas lavouras.  

MILHO  

No estado, em outubro, os preços ao produtor apontam para um sinal lento de recuperação. Nos estados com maior produção do cereal, o comportamento foi semelhante, excetuando-se Mato Grosso, com volumes na safra 22/23, as negociações alcançaram 76,78% do total. O IMEA-MT ressalta que a comercialização da safra 22/23 está 14,4%atrasada em relação à média dos últimos cinco anos e 6,80%ante o ciclo passado.2No estado também ainda há em estoque em torno de 20% da safra anterior, ou seja, os produtores aguardam preços melhores.  

Os fatores que ainda influem no mercado do milho neste final de ano são os recordes da produção na safra 22/23, que disponibiliza estoques satisfatórios para as agroindústrias. No entanto, o volume das exportações no ano se aproxima de 43 milhões de toneladas (acumulado até out./2023), fato que pode favorecer a recuperação dos preços. A estimativa do CEPA, atualizado em outubro prevê área de plantio de milho em SC de 304 mil hectares; com previsão de colheita de 2 milhões e 557 mil toneladas, e produtividade média de 8.410 kg por hectare. A necessidade de milho em SC ultrapassa 8 milhões de toneladas.  

SOJA

No cenário nacional, a confirmação de uma safra 22/23 recorde no Brasil -de 154,6milhões de toneladas-pressionou os preços da soja no mercado interno desde o início do ano. No entanto, houve uma mudança no movimento de baixa a partir de julho, registrando-se, na média mensal de agosto, uma cotação de R$139,28/sc. Os preços da soja em grão apresentam forte oscilação no mercado brasileiro no início de outubro, com tendência de baixa nas cotações, o que se confirmou na média mensal. A pressão veio da desvalorização do dólar frente ao real e, em especial, da intensificação da colheita nos Estados Unidos –esse contexto atraiu importadores do Hemisfério Norte e resultou em menor demanda pela oleaginosa brasileira. O total da soja produzida no estado vem apresentando um crescimento contínuo na última década. A estimativa inicial para a safra 23/24 confirma o fenômeno do crescimento, agora 1,7% maior que o da safra anterior na área a ser plantada. A produção total prevista é de 2,89 milhões de toneladas na primeira safra. Quanto à área, foi realizado ajuste em regiões específicas. A Epagri/Cepa está mapeando a área de soja no estado por sensoriamento remoto/imagens de satélite. Este mapeamento forneceu os elementos para os ajustes na área de cultivo atual. Desta maneira, os números serão mais próximos da realidade de campo.  

No relatório da Epagri de outubro, consta que na presente safra deve ser plantados 741 mil hectares de soja, com estimativa de produtividade média de 3.686 kg por hectare e colheita prevista de 2 milhões e 732 mil toneladas em SC.  

TRIGO  

Os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses de trigo continuaram a cair durante o mês de outubro -variação negativa de 3,76% em relação ao mês anterior. Na comparação anual, em termos nominais, os preços recebidos em outubro deste ano estão 40% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2022. No Rio Grande do Sul, o preço médio mensal registrou queda de 13,22% em relação a setembro de 2023, e queda de 45,37% na comparação com os preços de outubro de 2022. O preço médio do trigo no mercado-balcão do Paraná, no mês de outubro, foi de R$ 50,99/sc de 60 kg, variação de 0,1% em relação ao preço médio de setembro.  

Segundo a Conab, a produção brasileira do cereal em 2022 superou os 10 milhões de toneladas. O volume foi recorde para a cultura. Neste ano, as expectativas de produção também são positivas, podendo chegar a 10,45 milhões de toneladas. Com uma boa oferta do produto, os preços sofrem pressão de queda no mercado interno. Por conta deste cenário, as cotações internacionais de trigo voltaram a apresentar desvalorizações, influenciadas pela colheita no Hemisfério Norte e pelo excedente exportável de trigo russo, com preço muito competitivo.  

Em SC, na região de Concórdia e Joaçaba, os altos volumes de chuvas têm impedido as operações de colheita do trigo. Com isso, muitas áreas prontas (já dessecadas) vão tendo a colheita postergada e, como consequência, vão perdendo produtividade e qualidade. De forma geral, a produtividade média, na região, está entre 1.800 e 2.400 kg/ha. O peso hectolitro mais comum fica na faixa de 72. Em muitos locais, a colheita de grãos terá como destino a produção de rações para animais.  

Na região de Curitibanos e Campos de Lages, o mês de outubro foi bastante complicado para a cultura do trigo, com muitos dias de altos volumes de precipitação. Em função disso, as operações de colheita evoluíram muito pouco, e há muitas áreas já prontas para serem colhidas. Este atraso na colheita, associado às condições climáticas adversas, aumenta os problemas relacionados à qualidade do grão e até mesmo à quantidade, já que muitas espiguetas apresentam debulha natural. A produtividade média esperada na região é de 2.400a 3.000 kg/ha. O peso hectolitro (PH) mais comum é de 77,para baixo. Para a região de Chapecó, Xanxerê e São Miguel do Oeste, a maior parte das áreas de trigo já foi colhida, restando colher cerca de 25% da área plantada. As chuvas de outubro estão comprometendo seja a qualidade, seja a quantidade do produto colhido. A produtividade média da região deve ficar em 2.400 kg/ha; contudo, há registros de produtividade maiores em áreas menos afetadas, que variam de 3.300 a 3.600 kg/ha. O trigo colhido tem apresentado PH baixo, entre 70 a 75 ; além disso, muito trigo tem sido comercializado como triguilho, que é um subproduto obtido na classificação do trigo, constituído de grãos fragmentados e chochos e impróprios para consumo humano. Em todo o estado, até a última semana de outubro, aproximadamente 50%da área destinada ao plantio de trigo nesta safra já havia sido colhida. Com relação às condições de lavoura, elas ficaram comprometidas no último mês em função do excesso de chuvas; com isso, 45% delas foram avaliadas como boas, 25%, em condição média e 30%, em condições ruins.  

Na comparação com a safra passada, as estimativas apontam para uma redução de 1,0% na área plantada. A produtividade irá se reduzir significativamente, com uma diminuição de 28%. Contudo, vale ressaltar que a qualidade do produto colhido será muito ruim, o que irá impactar a remuneração do produtor, reduzindo-a. Com isso, a previsão é de uma safra bem menor do que a alcançada na safra passada. Nossas estimativas apontam uma redução de 28% no volume de produção. 

Fonte: Epagri Cepa 

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