Webinar aborda o “Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado do Milho e Soja”

Com o tema “Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado do Milho e Soja”, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e a Safras & Mercado encerraram a série de webinars promovidos desde maio deste ano. Os eventos, realizados ao vivo em vídeo e abertos ao público (sindicatos, lideranças, produtores, técnicos e demais interessados), proporcionaram a discussão de diversos assuntos do mercado do agronegócio, por meio de palestras conduzidas por renomados especialistas.  

O presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de Finanças da CNA, José Zeferino Pedrozo, avaliou a programação de forma extremamente positiva. Destacou que a parceria com a Safras & Mercado, consultoria de maior referência no agronegócio brasileiro e de abrangência internacional, proporcionou informações mercadológicas que auxiliam os produtores e empresários rurais a planejar melhor a produção e a venda das safras. O vice-presidente executivo da Faesc, Clemerson Argenton Pedrozo, conduziu a abertura e o encerramento deste último evento de 2023 e adiantou que uma nova parceria com a Safras & Mercado será firmada em 2024. Agradeceu ao especialista e consultor da Safras & Mercado, Paulo Roberto Molinari, pela “exposição segura e repleta de informações essenciais para embasar os produtores catarinenses a tomarem as melhores decisões”. Também cumprimentou o público por aproveitar essa valiosa oportunidade de conhecimento. 

Paulo Roberto Molinari iniciou sua explanação abordando os riscos do milho e da soja em 2023. Tratou sobre o clima (El Niño), o fator cambial (juros dos EUA e nova política econômica no Brasil), exportações brasileiras, safra 2024 na América do Sul e visão 2023/2024. Comentou sobre a oferta e demanda do milho nos Estados Unidos, na Argentina e no Brasil, bem como sobre o farelo de soja (registro de embarques), entre outros assuntos. 

Após detalhar a situação climática, destacou que a chance de obter sucesso na comercialização de soja está neste primeiro trimestre ou no final do ano, com a entressafra brasileira. “Ou vende no primeiro trimestre ou lá na frente. Se comercializar agora, em abril e maio, possivelmente pagará com o pior preço do ano novamente porque, além da entrada da safra da Argentina em abril, há estimativa de maior área de soja nos Estados Unidos. E isso não ajuda o preço a subir. Eles plantaram milho demais esse ano e agora terão que fazer a rotação de cultura”. 

O palestrante prosseguiu assinalando que isso não afeta muito o Brasil, mas é um dado importante. “O quadro americano de milho é muito tranquilo. No dia 10 de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizará o dado final da safra 2023 americana – colheita recorde com consumo muito bom e com aumento de estoque”. 

Por isso, o Brasil conseguiu um espaço na safrinha 2023 para ter um excelente resultado exportador porque o comprador do mercado externo, quando não tem na Argentina, vem para o Brasil. “E veio! Neste ano de 2024 teremos a Argentina voltando a produzir uma safra possivelmente recorde de milho e com um câmbio agora hiper desvalorizado”, ressaltou. 

Molinari afirmou, ainda, que o El Niño e o câmbio na Argentina ajudam muito o País, e a Argentina virá com pressão de oferta a partir de março. A Ucrânia está em guerra ainda, mas segue produzindo sem problema algum. A Europa também colheu uma safra que não foi tão boa quanto esperava, mas é regular. Vai importar 24 milhões de toneladas em 2024. E a diferença para a Europa, de 2023 para 2024, é que esse ano ela não teve a Argentina para comprar milho. Por isso, adquiriu do Brasil em maior volume. No ano que vem, terá a Argentina para se abastecer e, por isso, pode reduzir a demanda em cima do milho brasileiro na safrinha 2024. 

A China é o grande fato novo do milho no Brasil, pois assinou o acordo sanitário do ambiente da cultura no ano passado e este ano veio com tudo. Já embarcou no Brasil 13 milhões de toneladas e, até janeiro, deve embarcar cerca de 16 milhões de toneladas de compras do Brasil. “Ela já é a grande compradora de soja brasileira e será de milho também”. 

O Paraguai colherá uma ótima safra de soja. A partir da primeira semana de janeiro, o grão começa a entrar nesse País e, em seguida, essas primeiras colheitas darão entrada para a soja safrinha. O Paraguai perderá área de safrinha, reduzindo a oferta de milho para o ano que vem. “O Sul Brasileiro se abastece do Paraguai e por isso o País é importante para Santa Catarina”. 

Com a safra americana cheia, Europa melhor, Ucrânia diminuindo o problema da guerra, entre outras questões, os preços em Chicago bateram o seu fundo (dos 4 dólares e meio por bushel). “Para o preço do milho voltar a subir em Chicago e influenciar o mercado brasileiro são necessários dois aspectos daqui para a frente. Um deles é a exportação semanal forte americana. Como o Brasil está saindo na exportação agora, é muito provável que a exportação americana comece a deslanchar. E se for muito alta, acaba reduzindo o estoque e fazendo com que o preço se recupere”, ressaltou Molinari. 

O outro ponto é a recuperação do preço do trigo. “O cereal caiu muito com a pressão de venda da Rússia, que colheu uma safra recorde esse ano e continua vendendo, mas vem diminuindo o seu ritmo. Se entrarmos no primeiro trimestre com a Rússia afirmando que diminuirá as vendas e a exportação do trigo, o preço dessa cultura sobe de preço e leva o milho junto. Se o milho aumentar na bolsa de Chicago, nosso preço subirá para a safrinha 2024”, justificou o especialista. 

Entre outras questões, o palestrante realçou que 2024 será diferente de 2023. “Será necessário ser mais proativo na compra de milho. Se você for vendedor, terá que ter um pouco mais de cautela. E para quem compra também será preciso equalizar no preço de exportação. 

Molinari frisou, ainda, que o boom de exportação vivido em 2023, batendo recorde de embarque todo mês, não se repetirá em 2024. “E nós não venderemos todo esse volume no farelo porque a Argentina tem 40% de tudo que se exporta no mundo e, por isso, manda no preço desse item”. 

Outros pontos em destaque estiveram relacionados à necessidade de continuar observando o clima na América do Sul porque o jogo ainda não terminou. Entre as sugestões, Molinari apontou a necessidade de olhar os dados da Rússia, pois é ela quem manda no trigo e, caso pare de vender, o cereal sobe. “Se o trigo subir, ajuda o milho”. 

Por fim, falou da inflação nos Estados Unidos e o ritmo de juros em 2024, abordou a nova política econômica brasileira, realçou que as commodities perderam a força com juros em alta e dólar forte, reforçou o pedido de atenção à economia da China, frisou que o clima El Niño segue em 2024, que o trigo continua dependendo do fluxo da Rússia e que, em 2024, haverá vendas pelo bom nível de Chicago, mas sem descolar da compra de insumos, entre outros aspectos. 

A parceria entre Faesc e Safras & Mercado oportunizou a realização de eventos em maio (“Cenário de oferta e demanda global e perspectivas do mercado do milho e soja”), em junho (“Perspectivas e tendências do mercado de fertilizante”), em julho (“Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado de Carnes – Boi”) e em agosto (“Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado do Milho e Soja”). Também foram realizados eventos em setembro (“Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado do Arroz”), em outubro (“Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado de Carnes – Boi”) e em novembro (“Cenário de oferta e demanda global, perspectivas de mercado do Arroz”). 

Fonte: MB Comunicação 

 

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