Ano novo – Novos desafios!

Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

Estamos entrando em um novo ano. A roda continua girando como sempre, com maior ou menor velocidade, mas continua girando. Muitas vezes tropeçamos, saímos dos trilhos, mas sempre seguimos em frente. O ano de 2023 não foi lá essas coisas para nosso país. Embora tentem incutir na cabeça da população que houve melhorias, todos sabem que foram poucos os avanços e, em alguns setores, houve até retrocessos, especialmente quando envolve o Poder Público. Está-se gastando mais do que se arrecada, pensando no imediatismo e em cumprir compromissos eleitorais. Mas a matemática é uma ciência exata. Quem gasta mais do que arrecada, um dia a conta chega. Mais cedo ou mais tarde, alguém vai pagar o déficit. Não existe almoço grátis. E a classe média tem tudo para ser a mais afetada, já que é ela quem produz para sustentar os demais. Se não houver reversão dessa política, muita gente vai regredir, não vai conseguir comprar nem a picanha, nem a cervejinha prometida, e passará a engrossar a fila de pessoas dependentes do Bolsa Família e de auxílios governamentais (se houver arrecadação para isso). Daí fica fácil colocar o cabresto nos mais necessitados. 

E como foi o setor agro neste ano de 2023? Muito sofrido. Diversos fatores afetaram os resultados da atividade agropecuária. Sempre sofrendo com produtos com resultados econômicos pendentes. Quando não foi o leite, foi a suinocultura. Quando não foi um cereal, foi outro produto que teve seu preço reduzido. Quando não foi o custo de produção, foi a falta de financiamento e os juros altos; quando não foi no plantio, foi na colheita. Por questões de mercado, climáticas e até por discriminação dos governantes, o setor agro passou por crises. Além dos resultados terem sido afetados, houve o desprestígio do agro por parte do governo federal. Até parece que as pessoas não sabem que foi graças ao agro que o país se sustentou economicamente desde a pandemia e que, sem o agro, ninguém sobrevive. Foi um ano desafiador, mas o produtor rural é persistente e sobreviveu.

E para o ano que se inicia, o que se espera? Pelo menos o reconhecimento pelo trabalho do homem do campo. Sem discriminação, nem revanchismo político. Mais atenção às cooperativas, às agroindústrias e ao setor agropecuário de modo geral. Temos que torcer para que os governos, os políticos e a população urbana sejam mais sensíveis às necessidades daqueles que estão no campo, enfrentando sol ou chuva; secas ou enchentes; vendavais ou granizo; eles precisam sempre estar produzindo para que a economia nas cidades funcione e para que o alimento esteja disponível na mesa dos brasileiros e da população mundial. Precisamos ser otimistas e sempre esperar que um dia vai melhorar. Aliás, isso é inato do agricultor. Não devemos esquecer que os governantes passam, e a esperança é sempre de que o próximo ano seja melhor. Mas isso também depende de nós. No novo ano, teremos novos desafios. Se nossa queixa é o governo, a cada dois anos temos eleições (por enquanto) e podemos trocar nossos líderes políticos com nosso voto. Mas com consciência, espírito coletivo, sem interesses corporativos ou egoístas. Estou entrando de férias, retorno no final de janeiro. Pense nisso. Feliz Ano Novo! 

Fonte: Fecoagro 

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