A união do agro em SC

Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

O agro catarinense continua dando exemplo de coesão e união. Sempre buscando resultados para seu público-alvo, o agricultor e a cadeia agropecuária. O exemplo mais recente foi a audiência mantida com o governador Jorginho Mello, onde as oito principais entidades do setor foram unânimes em firmar e entregar um documento destacando os principais problemas que afligem o setor no momento. Faesc, Fetaesc, Ocesc, Fecoagro, Sicoob, Aurora Coop, Sindicarne e Sindileite falaram a mesma linguagem, demonstrando coesão, mesmo que cada uma tenha uma atribuição diferente no contexto agropecuário catarinense. 

Dos cinco itens apresentados como preocupação do agricultor, pelo menos três dependem de ação prática e imediata do governo do estado. A estruturação da Secretaria da Agricultura poderá ser uma providência rápida do governador. Já se passaram nove meses desse governo, e a Pasta que é responsável por 70% das exportações e 30% do PIB estadual ainda não tem secretário adjunto, função considerada essencial para operar os programas da secretaria. Nem a equipe técnica interna foi montada. Além de não dispor de orçamento compatível com as necessidades, a secretaria está praticamente paralisada se comparada com os governos anteriores. O secretário de plantão está sem equipe, sem força e sem ação, por falta de prioridade do governo. O presidente da Faesc, Jose Pedroso, porta-voz dos demais integrantes da audiência ao tratar desse assunto disse ao governador que o setor quer ser parceiro do governo, quer ajudar, mas a recíproca não está sendo verdadeira, e em nome do setor pediu atenção para com a agropecuária como um todo. 

Outro assunto polêmico enfocado foi a situação dos produtores de leite do estado. Esse problema tem sido recorrente. Vez por outra volta à tona e não tem tido solução. O produtor tem reclamado das indústrias querendo mais preços, essas argumentando que o mercado não comporta e atribui a problemas de tributação. Nesse ano, o elevado volume de importações tem bagunçado o mercado interno e prejudicado os agricultores, fazendo muitos abandonar a atividade. Se já foram 70 mil produtores em SC e hoje são 24 mil, é sinal que algo de errado existe há tempos. Importações de leite dos países do Mercosul, sem tributação e com custos de produção inferiores aos nossos, precisam ser corrigidas. A proposta do setor é viabilizar um subsídio nos custos de produção nos moldes do troca-troca do milho. Se não for feito nada, a cadeia vai sucumbir com reflexos na economia e no social do estado. Se o estado de SC produz mais de 3 bilhões de litros de leite por ano, é o quarto maior produtor do país e movimenta R$ 8 bilhões por ano, representando 13% da produção agropecuária estadual, deve ter alguma representatividade para o governo. A importância econômica não é apenas tributos recolhidos diretamente. Precisa ser considerada toda uma cadeia que gera movimento econômico e consequente tributação em outros setores. Isso precisa ser valorizado. É urgente a necessidade de encontrar uma saída para o problema do leite de SC, e o governo do estado deve liderar um projeto nesse sentido. O governador se mostrou sensível para esse e os demais pleitos levantados na audiência e prometeu encontrar saídas para cada caso. Mas isso não pode demorar muito, para não ficar tarde. O setor é paciente e compreensivo, mas quando chegar aos extremos pode não ter mais solução. As consequências podem ser indesejáveis para um estado considerado modelo no agro brasileiro. Pense nisso! 

Fonte: Fecoagro 

 

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