Agosto começa as definições de plantio de verão

Por Ivan Ramos, diretor-executivo da Fecoagro/SC 

Estamos iniciando o mês de agosto, e com ele começam as definições de plantio de verão no sul do país. No extremo oeste catarinense e no vale do Uruguai, o plantio começa antes, e nessas alturas os agricultores mais planejados já devem ter adquirido seus insumos e sementes necessários para o plantio do milho. Nesse ano, pelo que parece, a grande maioria definiu tardiamente quanto a aproveitar os preços dos insumos, especialmente dos fertilizantes. Em anos anteriores, nessa época, as compras já estavam sacramentadas, logo após concluída a colheita anterior. 

A esperança nesta safra é que o preço dos adubos caísse ainda mais, enquanto os grãos subiriam para igualar ao ano passado, o que fez com que os agricultores retardassem suas compras e, por consequência, as cooperativas também não adquiriram, formando uma corrente de atrasos, uma vez que as importadoras também não quiseram arriscar em trazer matéria-prima, temendo que acontecesse o mesmo que no ano anterior, quando os preços caíram, provocando prejuízos expressivos às indústrias estocadas. 

A Fecoagro, com base no histórico da safra anterior, vinha alertando os agricultores e as cooperativas para que se abastecessem, pelo menos em parte, da demanda dos insumos, pois tinha a certeza de que o plantio aconteceria, e os fertilizantes são indispensáveis. Foi recomendado com insistência que não corresse risco de faltar e de haver uma subida de preços devido à escassez. Os cálculos feitos pelos técnicos das cooperativas mostravam que a relação de troca entre o custo de produção e a produtividade prevista era ainda melhor que no ano anterior. No entanto, a ganância de querer ganhar mais e a estratégia de não correr riscos fizeram com que as cooperativas e distribuidores de insumos também não quisessem apostar em estoques. 

Agora está acontecendo exatamente o que havíamos alertado. Com a proximidade do plantio e com os problemas de logística e de capacidade de produção das fábricas, começou a faltar produto, e os preços estão subindo. Nos últimos 30 dias, o aumento foi de mais de 30 por cento nos fertilizantes. Quem não comprou antes agora está pagando mais caro e até correndo o risco de ficar sem o produto na hora certa. A Fecoagro está liquidando seus estoques e não terá mais tempo de importar produto para a safra de verão. Agora, somente para a safrinha e a safra de inverno. Negócios de matéria-prima feitos agora no mercado internacional só começam a chegar nos portos brasileiros em outubro; portanto, para essa safra de verão, não dá mais tempo. 

Infelizmente, é sempre assim: as pessoas querem ganhar mais, e nunca estão satisfeitas com a renda que estava assegurada com lucros. Parece que ainda falta consciência nos produtores de que é preciso avaliar o resultado e não apenas o preço nominal. Os últimos cálculos feitos antes da recente subida dos preços dos fertilizantes mostravam que, se colhessem 20 sacos de soja por hectare, já dava para pagar o custo de produção, sobrando no mínimo outro tanto de resultado. No caso do milho, gastavam 80 sacos para produzir um hectare. Com a tecnologia recomendada, o custo de produção dava para colher no mínimo 150 sacos. Mesmo assim, não achavam suficiente. Resultado: agora precisam gastar mais para pagar a lavoura. Será um aprendizado novamente? 

Todos nós sempre queremos ganhar mais, mas a ganância pode se tornar um prejuízo. O que se espera de agora em diante é que pelo menos se colha bem, para pagar as contas. O cavalo já passou encilhado mais uma vez, e não foi por falta de aviso. Quem sabe no próximo ano se ouçam mais as orientações técnicas e de mercado, para errar menos. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro 

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