Ano novo, problemas velhos!

 Por Ivan Ramos, diretor executivo Fecoagro 

O ano é novo, mas os problemas são antigos. Se, de um lado, parece ser desanimador, do outro, temos que entender que, graças aos problemas existentes, é que temos trabalho para resolvê-los. Tenho um amigo que diz: “se não existir um problema, eu o crio, só para poder resolver”. Parece sofismo, mas é a realidade do dia a dia em muitos lugares. Em nosso meio agropecuário, os problemas são recorrentes e contínuos, mas solucionáveis. Basta que haja persistência, dedicação, empenho e compreensão das partes envolvidas. A natureza, o clima, o mercado, os governos, os políticos, as pessoas ou as circunstâncias podem provocar problemas; e cabe a todos nós enfrentá-los, e se não solucionados de imediato, pelo menos tenham o encaminhamento para tal. 

Neste mês de férias, a roda continuou girando no nosso estado e país, e, consequentemente, também os problemas. Talvez com menor velocidade, mas continuou. Ao ponto de que algumas lideranças se manifestaram acerca de assuntos que vieram de anos anteriores, e certamente continuarão de ora em diante, mas que precisam ser enfrentados. 

Para ficarmos apenas em um assunto que atinge o agronegócio catarinense, os problemas de logística no abastecimento das nossas agroindústrias, principais motoras das nossas exportações e que geram uma movimentação econômica em toda a cadeia produtiva, no campo e nas cidades. O assunto vem sendo tratado em diversas frentes, sobre o suprimento de milho para a produção de ração e consequente criação de aves, suínos e gado de leite. O presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, foi direto ao abordar a necessidade de ferrovias que liguem a zona de produção de grãos, no centro-oeste brasileiro, ao oeste catarinense. É unanimidade no setor essa necessidade para que possamos ser competitivos nas agroindústrias de SC e poder continuar garantindo os empregos diretos e o trabalho para os pequenos criadores no campo, que, somente na Aurora, ultrapassam 100 mil famílias. Portanto, o projeto da ferrovia que ligará o centro-oeste brasileiro, onde está a produção de milho, ao oeste catarinense, onde está o consumo, precisa ter prioridade. Devem ser superadas as questões bairristas, onde, segundo relatos, existem segmentos no estado questionando o trajeto proposto, sob o argumento de fuga das exportações dos portos catarinenses para o Paraná. 

Antes de mais nada, é necessário observar a origem dos produtos para exportação. Se não tiver milho, não terá carne para exportar por nenhum porto. Ademais, os contrários ao trajeto deveriam se preocupar em viabilizar projetos de ferrovia também que liguem o oeste catarinense aos portos do estado. Dessa forma, as duas partes se completarão: matéria-prima para produção e produtos acabados para exportação. Interpretações diferentes disso servem para inviabilizar as atividades do setor agroindustrial, segmento importante e crucial para a economia catarinense. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro 

 

Leave a Comment