Após a tempestade, vem a bonança

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC.

A antiga frase que se usava para se aceitar eventuais contratempos momentâneos, pode ter várias intepretações, e sempre cabe em momentos difíceis das nossas vidas, refletir sobre ela. “Após a tempestade, vem a bonança”. O que aconteceu recentemente em nosso país, com os resultados das eleições, se for analisado por quem venceu, pode dizer que veio a bonança. Se for avaliado por perdedores, vem o consolo que ainda tem chances, de mais dia menos dia, as coisas melhorarem. É inegável que a eleição correu dentro de um processo regulamentar existente no país, e, como tal, nada adianta ficar lamentando o resultado.

Entretanto, não se pode negar que houve tratamento desigual na condução do processo eleitoral por parte de autoridades responsáveis. Nem precisamos relatar aqui o protecionismo dispensado a ala vencedora por parte da Justiça Eleitoral, sem considerar os discutíveis processos anteriores no Supremo Tribunal Federal. Mas também precisa ser repartido o prejuízo auferido a ala perdedora, e também com  o comportamento de parte da mídia interesseira; dos artistas privilegiados; dos  responsáveis e indutores pelas pesquisas; por uma parte privilegiada do funcionalismo público que tem salários exagerados e garantia  de emprego; por erros estratégicos dos perdedores  e tantos outros nuances que aconteceram no decorrer da campanha eleitoral.

Mas isso são águas passadas que não movem moinhos. O que cabe agora, é saber como será o comportamento dos eleitos a partir de 2023. Se suas promessas e críticas foram apenas no calor da campanha, ou se  de fato pretendem implementar  algumas medidas que pode adiar a tempestade, antes da bonança. As críticas ao setor agropecuário; as promessas de taxação nas exportações agrícolas;  as ameaças de fortalecer o MST para invasões de propriedades; a insegurança jurídica e a perseguição ao agronegócio, serão peças fundamentais no comportamento dos novos mandatários do país a partir de 2023. Se isso efetivamente vier a acontecer, além do retrocesso no país, será a gota d’agua para que o setor do agronegócio tire o pé do acelerador, e o Brasil de não mais liderar as exportações. E a segurança alimentar  irá à bancarrota.

Qualquer ser humano com o mínimo de discernimento sabe  que o agronegócio  não apenas move a sua própria atividade, como de muitos setores correlatos, e a economia tende a fracassar sem esse setor, comprometendo as arrecadações de tributos e as contas públicas. Isso sem considerar a convulsão social que pode acontecer por falta de alimentos. Infelizmente, ainda existem políticos que não pensam no amanhã e sim no momento, e quando não, no domínio da população através  de uma migalha para comer, e não para o desenvolvimento da livre iniciativa, sem tutelas governamentais de cada um.

Por outro lado, existem pessoas que só pensam no hoje, no seu umbigo, esquecem do futuro dos seus filhos e netos. Desde que tenham o seu quinhão do momento, o restante pode roubar à vontade. É um fim trágico para uma população honesta, trabalhadora e com anseios de desenvolvimento da sociedade como um todo. Agora é esperar o que vai acontecer, mas se colocado em prática o que foi anunciado em campanhas eleitorais, não podemos esperar nada de melhor para o agro, e o futuro dirá quem estava com a razão. Os honestos ou os interesseiros? Esperamos que após essa tempestade, venha a bonança. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

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