Bom senso prevaleceu e a união venceu

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

O cooperativismo catarinense, mais uma vez, demonstrou que está maduro e que o diálogo e o bom senso vencem qualquer pretensão intempestiva ou particular. A recente eleição para o conselho de administração da Ocesc, que em princípio sinalizava uma disputa pelo Poder, com propostas de gestão similares, mas de origens diferentes, gerou interesses conflitantes. Finalmente, culminou com chapa única, com uso do bom senso, prática que sempre deve prevalecer em qualquer situação dentro de um sistema associativo e que, depois do pleito, exige a convivência pacífica entre todas as partes envolvidas, para o bem da entidade.

Não se pode tirar o direito legítimo e democrático de qualquer integrante de uma sociedade em participar como candidato a um pleito eleitoral. Todos têm o direito e o dever de mostrar suas ideias diante de determinada organização e propor mudanças na gestão. Se não fosse permitido isso, não estaria assim previsto na legislação e nos estatutos que regem a entidade. Entretanto, antes de qualquer disputa, é sempre salutar tentar o diálogo, unir as forças no mesmo rumo, para que não fiquem fissuras nas correntes participantes.

No episódio da eleição da Ocesc, surgiram três correntes que queriam comandar a organização. O curioso foi que os três pretensos candidatos já faziam parte da direção da entidade, na qualidade de vice-presidentes, demonstrando que conheciam de perto a forma da administração do momento e que não concordavam. Todos tinham projetos similares, com a intenção de mudanças, e se havia oposição, era porque não estavam concordando com o sistema da gestão em que participavam. Agora, não cabe rememorar os motivos do surgimento de oposição, até porque o assunto foi superado com o surgimento de um quarto nome que, com a participação de outras lideranças, conseguiu debelar o incêndio, sem que fosse necessário ir para a disputa, que certamente causaria um estrago na divisão de um cooperativismo que já tem o rótulo de união, integração e intercooperação. A disputa não chegou a acontecer no dia da assembleia, mas certamente ficaram ressentimentos que precisam ser superados, mesmo que a médio prazo. 

Ficou a lição de que, no cooperativismo, há necessidade de diálogo preponderante; de necessidade de discussão conjunta, evitar decisões centralizadas em uma única pessoa, saber ouvir no decorrer de todo o período de mandato em qualquer organização e não apenas em épocas de eleições na entidade. Quando os assuntos são tratados de forma aberta, transparente, valorizando seus pares de direção, sem atitudes isoladas ou prepotentes, não se chega ao ponto de divisão dentro de casa. Também precisa ser atentado pelos dirigentes eleitos que a rotação de pessoas nos cargos, dando oportunidade a novas lideranças, pode contribuir para que haja disputas.

Todos sabemos que o Poder desgasta e, por isso, precisa ser tratado como condições de alternância. Como disse o novo presidente eleito, Vanir Zanatta, em seu discurso de posse: “Não podemos desprezar a experiência, a sabedoria e a liderança dos mais idosos em idade, mas temos que ter a preocupação com a sucessão com sangue novo”. Não é apenas nas atividades no meio rural que temos que nos preocupar com a sucessão nas propriedades, mas também nas nossas cooperativas e entidades de representação, com alternância no Poder. Além de possibilitar a entrada de novas ideias, evita o surgimento de oposições que, muitas das vezes, nem estão preparadas para os cargos que se propõem a assumir, podendo colocar em risco a entidade, só pela busca do Poder. Portanto, a melhor atitude de quem está no Poder é preparar seus sucessores de forma planejada e não deixar surgir oposições. Lembremo-nos sempre de que as mudanças são necessárias. A única coisa que não muda é a necessidade de mudanças. Tem um ditado popular que diz: “Quem não faz no amor, faz na dor”. Pense nisso. 

Fonte: Fecoagro 

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