Cooperativas gaúchas buscam acesso a recursos de longo prazo, para sanear dívidas provocadas pela estiagem

Entidades do setor produtivo do Rio Grande do Sul sugeriram ao governo federal a adoção de mecanismos privados com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para renegociar as dívidas de 3,9 bilhões de reais das cooperativas agrícolas devido a duas estiagens consecutivas no estado. A equipe econômica indicou que não haverá alocações orçamentárias para novas medidas de enfrentamento desse endividamento. A proposta dessas entidades é acessar recursos de longo prazo da linha de crédito em dólares disponibilizada pelo BNDES, a qual não depende do orçamento federal, ou facilitar a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com o respaldo do banco estatal de desenvolvimento, visando reduzir o custo para o tomador final. 

A preocupação reside na saúde financeira de 27 cooperativas sobrecarregadas com um estoque de dívidas de 3,9 bilhões de reais, conforme relatado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS) ao final da safra 2022/23. Esse montante se refere a fundos que as cooperativas financiaram em temporadas recentes, ficando sem cobertura devido às perdas causadas pelas estiagens. “Aproximadamente 30% do financiamento do estado passa pelas mãos das cooperativas. Precisamos de uma medida que permita a essas cooperativas reestruturar essa dívida com um prazo mais longo e acesso a capital de giro”, afirmou Sérgio Feltraco, Diretor Executivo da Fecoagro-RS. “Suportar dois anos de estiagens severas esgota os recursos do produtor e diminui a capacidade da cooperativa de administrar isso com seus próprios fundos”, enfatizou. 

De acordo com o líder, nem todos os membros das 27 cooperativas estão nessa situação, mas a falta de uma solução para a dívida poderia comprometer o apoio aos produtores em melhores condições financeiras. Agricultores do Rio Grande do Sul que obtiveram financiamento de bancos conseguiram prorrogações, embora em termos menos favoráveis. Representantes do setor apresentaram essas propostas ao Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Sem espaço orçamentário para uma medida mais abrangente, a sugestão foi desenvolver alternativas que não impactem as contas federais, contando com a participação do estado como avalista para diminuir os custos finais da operação e auxiliar as cooperativas. “Não basta boa vontade quando há restrição orçamentária. Essas medidas não envolvem um único centavo de dinheiro público. Por isso, estamos discutindo alternativas nesse sentido. Se não resolvermos o problema das cooperativas, a situação se agravará no Sul”, afirmou Antônio da Luz, Economista-Chefe da Farsul. Em resposta, o BNDES mencionou que está colaborando com os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário para elaborar medidas e pretende anunciá-las em breve. 

 Fonte: Globo Rural

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