Epagri analisa o resultado do mercado agropecuário no mês de março

Milho e arroz estão entre produtos com cotação em alta / Foto: Aires Mariga – Epagri.

A última edição do Boletim Agropecuário da Epagri, apresenta a análise econômica do agronegócio catarinense. Esse boletim enfoca:  Elevação nos preços pagos aos produtores de grãos; Crescimento nas safras de cebola e alho;  Aumento nas exportações de banana;  Baixo impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia na exportação de carnes.

Resumo dos principais produtos catarinenses:

Arroz

A safra catarinense de arroz começou a ser colhida, com confirmação de bom desempenho, devido às boas produtividades das lavouras. Os preços aumentaram nos últimos dias, diante da previsão de frustração da safra gaúcha e aumento das exportações.

Feijão

Com 70% das lavouras catarinense de feijão primeira safra colhidas, a Epagri/Cepa calcula que as perdas com a estiagem chegam a 31,5% em relação à estimativa inicial. Neste cenário, a boa notícia é a valorização dos preços pagos ao produtor.

O preço médio recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca em fevereiro teve alta de 12,61% em relação a janeiro, fechando na média mensal em R$ 269,80 a saca de 60kg. Já para o feijão-preto, os preços tiveram variação positiva de 11,24%, fechando a média de fevereiro em R$ 281,49 a saca de 60kg. Na primeira quinzena de março, os movimentos de alta nas cotações do feijão seguem firmes em todo Estado.

Até a última semana de fevereiro, aproximadamente 62% da área destinada ao plantio com feijão segunda safra já havia sido semeada em Santa Catarina. A estimativa inicial da Epagri/Cepa é de redução de 5% na área destinada a estas lavouras, passando de 26,2mil para 24,9 mil hectares.

Soja

No início de março, a saca da soja catarinense chegou a atingir o valor de R$ 200,00 no acompanhamento diário dos preços, o maior valor nominal da série histórica. A forte estiagem no Sul do Brasil e na Argentina levou à redução das estimativas de produção na América Latina, o que está impactando nas cotações internacionais. Segundo o boletim da Epagri/Cepa, os fundos de investimentos poderão se movimentar em contraponto aos fatores de alta, causando volatilidade nas cotações.

Milho

Os preços pagos aos produtores catarinenses de milho seguem em tendência de alta. Nos últimos três meses os preços ultrapassaram a R$ 95,00 a saca na média mensal, e R$ 100,00 a saca nas cotações diárias, em valores nominais.

Na avaliação da Epagri/Cepa, os fatores que influenciam esse cenário são a redução da primeira safra no Sul do Brasil em função da estiagem; os baixos estoques internacionais, principalmente nos Estados Unidos e Brasil, os dois maiores exportadores mundiais; o conflito entre Rússia e Ucrânia, atores importantes na produção de trigo e milho, que gerou incertezas e volatilidade dos preços no mercado internacional, com reflexo direto no mercado interno.

Trigo

Os preços pagos aos produtores catarinenses de trigo em fevereiro estavam 18,3% acima dos registrados há um ano.

A perspectiva global da safra 2021/22 para o mês de março é de maior produção, diminuição do comércio e consumo, e estoques finais maiores, segundo dados do United States Department of Agriculture (USDA). As exportações mundiais foram reduzidas em 3,6 milhões de toneladas, ficando em 203,1 milhões, uma vez que a diminuição para Ucrânia e Rússia foi parcialmente compensada por aumentos na Austrália e na Índia.

O Boletim da Epagri/Cepa destaca que as culturas de inverno, entre elas o trigo, são uma excepcional oportunidade para intensificar os cultivos nas propriedades rurais catarinenses, já que o Estado possui terras agrícolas ociosas na estação mais fria do ano. Na última safra, os cultivos de grãos no verão ocuparam cerca de 1,4 milhões de hectares em Santa Catarina, enquanto que os grãos de inverno, apenas 143 mil hectares. Ou seja, somente 10% da área cultivada com grãos no Estado é utilizada nos cultivos de inverno.

Suínos

Santa Catarina exportou 38,61 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em fevereiro, quedas de 13,4% em relação ao mês anterior e de 5,2% na comparação com fevereiro de 2021. As receitas foram de US$ 82,03 milhões, -16,3% em relação ao mês anterior e -15,3% na comparação com fevereiro de 2021. O Estado respondeu por 59,2% das receitas e 58,1% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

A priori, o conflito entre Rússia e Ucrânia não deve trazer impactos diretos significativos para as exportações catarinenses. Em 2021, o Estado exportou 137 toneladas de carne suína para Rússia e Ucrânia, com receitas de US$ 182,3 mil, montante que representou apenas 0,02% do total de Santa Catarina.

A principal preocupação do setor está relacionada ao provável aumento nos custos de produção decorrente da guerra entre os dois países, já que a Ucrânia é o quarto maior exportador mundial de milho e a Rússia é grande exportadora de fertilizantes e petróleo. A elevação das cotações desses três produtos afetam significativamente os custos da atividade suinícola e comprometem ainda mais as já estreitas margens de lucro de produtores e agroindústrias.

Leite

Levantamentos preliminares da Epagri/Cepa indicam que neste mês de março os produtores catarinenses de leite receberão preços médios bem melhores do que os de fevereiro. Em fevereiro o Conseleite/SC voltou a publicar a resolução mensal com os preços de referência para o leite, depois de uma lacuna de três meses. O preço projetado para fevereiro ficou 0,0654 centavos acima do preço de referência final de janeiro. No cenário nacional, a produção está em queda, assim como as importações, enquanto as exportações estão em alta.

Fonte: Epagri/Cepa

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