Frente Parlamentar e CNA discutem modernização do crédito rural

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as Federações de Agricultura e Pecuária, as entidades do Conselho do Agro e a Frente Parlamentar da Agropecuária se reuniram com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para discutir propostas de modernização do crédito rural e de segurança jurídica para o agro.

O presidente da CNA, João Martins, disse que o Congresso Nacional é a esfera adequada para se discutir políticas públicas para o setor e que a modernização do crédito rural é uma das prioridades para o agro seguir dando sua contribuição ao país, com safras recordes e fornecendo alimentos ao Brasil e ao mundo, sobretudo neste período de pandemia.

“Precisamos de um arcabouço legal para modernizar o sistema financeiro no Brasil e é no Congresso que isso deve ser construído”, ressaltou João Martins. Ele também defendeu a regulamentação de marcos legais para dar segurança jurídica aos produtores. “Somos cada vez mais competitivos da porteira para dentro, mas apenas isso não resolve. O Brasil já é o maior produtor de alimentos, mas precisamos consolidar essa posição e por esta razão o Congresso deve construir esse arcabouço”.

A CNA defende a redução das taxas de juros, acompanhado a trajetória de sucessivas quedas da taxa Selic. “Hoje ainda temos uma taxa de juros abusiva, por maior que seja o esforço em reduzir”.

Em uma apresentação feita ao presidente da Câmara, o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, traçou um panorama do crédito rural no Brasil e reforçou a necessidade de modernização do atual modelo.

Uma das propostas defendidas pelo setor agropecuário é a redução dos custos administrativos e tributários (CAT), pois são estes custos que elevam de forma significativa as taxas de juros.

Um pequeno produtor, ao obter um financiamento, acaba pagando juros três vezes maiores do que a taxa prevista inicialmente no contrato devido ao CAT. Para o médio produtor, esta taxa chega a ser 2,3 vezes superior ao que foi acertado na contratação do crédito rural.

Outro ponto apresentado a Rodrigo Maia, dentro das propostas da CNA para atualização do sistema financeiro e do crédito rural, foi o aumento das fontes de financiamento para o agronegócio, com a participação de investidores externos e de fundos de previdência privada, que mostram grande interesse pelo setor.

Desta forma, os produtores dependeriam cada vez menos do crédito oficial e teriam condições melhores para obter recursos. O encarecimento do financiamento oficial provocou, de 2013 a 2019, a redução de 945 mil contratos. “A capacidade pública de nos financiar está diminuindo cada vez mais e precisamos de ferramentas modernas, com novos meios de captar recursos. E o Congresso Nacional é o fórum ideal para este debate”, disse o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. “Rendemos para o governo mais de R$ 700 bilhões. Não merecemos um financiamento mais lógico?”, questionou o presidente de honra da Abramilho, o ex-ministro Alisson Paulinelli.

Para a ministra Tereza Cristina, o país tem uma agricultura muito moderna, mas ainda há produtores que precisam ser inseridos nessa realidade de modernização do crédito rural. Ela disse aos participantes que o governo pretende discutir com o setor uma proposta para modernizar o Manual de Crédito Rural e destacou a aprovação da Lei 13.986/20 (MP do Agro).

“Infelizmente a Covid nos impediu de promover a primeira onda de modernização do crédito rural, mas não paramos e vamos continuar trabalhando para trazer avanços e precisaremos muito da ajuda da Câmara em projetos que podem ajudar a trazer segurança jurídica”, afirmou a ministra.

O presidente da FPA, deputado Alceu Moreira, defendeu a necessidade de se avançar em temas como a regularização fundiária e ponderou que a modernização do credito rural vai ajudar a trazer de volta produtores que estão alijados do processo produtivo devido aos gargalos como o endividamento. “Precisamos modernizar o crédito, baixar os juros e trazer de volta aqueles produtores que podem agregar de 5% a 8% nossa capacidade produtiva”, afirmou.

Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) 

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