ICASA e a sanidade agropecuária de SC

Luciane Surdi médica veterinária e conselheira técnica do ICASA.

Em Santa Catarina a agroindústria de processamento de carnes (aves e suínos) emprega diretamente 60 mil trabalhadores e, indiretamente, 480 mil pessoas. Essa força de trabalho atua em uma cadeia produtiva cujo abate e processamento industrial atingem 34.000 suínos/dia e 3 milhões de aves/dia. Entre integrados e cooperados são mais de 66.000 estabelecimentos rurais envolvidos. O valor da produção agropecuária em Santa Catarina foi de R$ 55,8 bilhões no ano de 2021. Isso representa um aumento de 36,4% em relação a 2020.

Santa Catarina tem uma agricultura familiar altamente produtiva e inserida no agronegócio. De acordo com os dados do Censo Agro, mais de 78% das propriedades rurais são deste modelo, ocupando 364 mil pessoas e 2,45 milhões de hectares cultivados. A agropecuária e o agronegócio catarinenses são de grande importância social e econômica para Santa Catarina, com grande contribuição na geração de divisas para o Estado e de renda e empregos para milhares de famílias rurais e urbanas.

Nesse universo atua o ICASA, Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária, criado em 2006 para auxiliar o Governo do Estado de Santa Catarina nas atividades preventivas de sanidade animal. O ICASA apoia a defesa sanitária agropecuária junto aos órgãos e entidades públicas e privadas, com o objetivo de valorizar a produção animal, garantir a saúde pública e a preservação do meio ambiente. Está presente em todo o Estado: são 246 municípios que contam com o apoio dos auxiliares administrativos, que prestam atendimento aos produtores nos escritórios e dos médicos veterinários que assistem os produtores rurais e suas famílias nas visitas às propriedades.

O trabalho do ICASA se dá por meio, principalmente, do médico veterinário do Instituto, que é antes de tudo um extensionista rural. Ou seja, ele orienta o produtor na organização do seu rebanho bovino, suíno, equino, avícola, de caprinos, ovinos e demais espécies. É um trabalho de educação rural voltado às boas práticas para a manutenção de uma sanidade animal de excelência. O extensionista do ICASA explica aos produtores sobre as doenças nos animais e como elas são transmitidas. Muitas delas, inclusive, são transmissíveis ao próprio produtor rural e sua família, como é o caso da brucelose e da tuberculose. São as chamadas zoonoses. Uma propriedade rural precisa ser vista como um todo – o animal, o homem e o meio ambiente. É o que chamamos de saúde única. É a partir deste trabalho constante e diário que garantimos a manutenção dos status sanitários livre de febre aftosa, peste suína clássica e a prevenção de outras doenças.

Um dos avanços foi a obrigatoriedade do uso do brinco nos animais. Ele serve para rastreabilidade do rebanho. Isso é: a identificação dos bovinos e bubalinos. Ela é fundamental para protegermos o patrimônio sanitário do nosso Estado, é indispensável para a sanidade animal. O brinco é uma espécie de histórico do animal. Ele informa onde o animal nasceu, onde foi criado, por quais propriedades passou e onde foi abatido. Se este animal levar alguma doença para a propriedade, nós temos como saber de onde pode ter vindo e as informações ficam armazenadas no sistema. O brinco é a principal ferramenta da defesa sanitária para o saneamento de doenças. Por isso a importância de o produtor emitir a GTA (Guia de Trânsito Animal) para qualquer movimentação de seus animais.

O produtor é o foco do trabalho do ICASA. É ele que está em contato diário com seu rebanho e pode contribuir para a manutenção da sanidade animal em nosso Estado. Quando o veterinário chegar à sua propriedade, o gado já deve estar preso para facilitar o serviço e agilizar a vistoria. O produtor também poderá solicitar ao veterinário do ICASA para realizar a vistoria quando for manejar o gado. Nessa ocasião poderá tirar suas dúvidas sobre os brincos, sobre doenças nos animais, Guia de Trânsito Animal.

O produtor pode agendar presencialmente nos escritórios do ICASA, que ficam na sua maioria junto aos Sindicatos Rurais, ou através dos telefones do escritório ou do médico veterinário. Os auxiliares administrativos dos escritórios do ICASA também podem agendar com os produtores pelo WhatsApp do escritório. Outro lembrete relevante aos produtores é fazer troca de senha nos escritórios locais. Isso evita fraudes e irregularidades envolvendo sua propriedade.

O produtor é o ator mais importante nesta atividade. Somente com o auxílio dele é que podemos manter o status sanitário diferenciado de Santa Catarina.  Esta condição garante o comércio de carnes e de produtos de origem animal, mas também o comércio e exportação de vegetais. Mas o que tem a ver a produção e exportação da maçã com a sanidade animal? A saúde animal garante também a exportação da maçã e outros produtos de origem vegetal. O surgimento de uma doença de impacto econômico e sanitário interdita outros setores da economia.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional.

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