Lideranças falam sobre os resultados da audiência pública

Se depender do governo catarinense, os defensivos agrícolas devem continuar sem ICMS. Pelo menos esse foi anúncio feito pelos secretários da Fazenda Paulo Eli e da Agricultura, Ricardo de Gouvêa, durante a audiência pública realizada na semana que passou em Florianópolis e que contou com a presença de mais de 2 mil pessoas, segundo os organizadores. Além dos agricultores, participaram da audiência, prefeitos, vereadores, secretários municipais de agricultura, associações de produtores de diversos produtos agrícolas. A proposta de audiência foi feita pelos deputados Marcos Vieira e José Milton Scheffer, respectivamente presidentes da Comissão de Finanças e Tributação, e Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa.

A Faesc e a Fetaesc foram as entidades que mobilizaram o interior trazendo caravanas de produtores de todas as regiões do estado. A Ocesc e a Fecoagro apoiaram a iniciativa. Exatamente 36 deputados estaduais estiveram presentes e assinaram a moção apresentada na audiência pública e que foi entregue aos secretários, manifestando a contrariedade à tributação e solicitando ao Governo do Estado que defenda a manutenção do Convênio 100, do Confaz, que concede incentivos fiscais aos defensivos agrícolas, que hoje tem alíquota zero de ICMS nas operações dentro do estado. Os secretários presentes confirmaram que o governo do estado não vai apresentar nenhum voto no Confaz defendendo tributação.

Secretário da Fazenda diz que o assunto está encerrado em SC

Paulo Eli foi categórico: em SC o assunto está encerrado. Agora depende dos outros estados que votarão no Confaz no início de abril. A proposta de SC é da renovação mais uma vez do Convênio 100 no Confaz.

“A pauta do governo sempre foi a prorrogação do Convênio 100, propomos a prorrogação, temos propostas até 2021 e temos propostas mais 5 anos porque todo ano tem essa discussão no Confaz, prorroga não prorroga, e isso causa uma insegurança jurídica. A proposta de Santa Catarina é até 2021 ou mais 5 anos, só que a reforma tributária está na porta, daqui a 3 anos talvez nós não estejamos discutindo isto.”

Secretário quer aproximar as entidades do governador

O secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa reforçou a posição do secretário da Fazenda da renovação do convênio e ressaltou que o Governador está se aproximando do setor e a Secretaria da Agricultura tem feito esforço para que isso aconteça.

“A posição como disse o Paulo Eli, ele que vai comandar lá. Santa Catarina vai apresentar uma proposta de prorrogação por 5 anos do Convênio 100, eu acho que isto já é uma grande força que a Assembleia tem. O governador tem procurado conversar eu tenho também na agricultura que aproximar ele das entidades principalmente. Queremos ver se a gente consegue promover este entendimento porque talvez tenha ficado um pouco maculado essas relações, mas a gente quer que se aproxime o mais rápido possível porque a agricultura é sem dúvida, extremamente importante para a economia de Santa Catarina.”

Faesc mobilizou agricultores

Já o presidente da Faesc, José Zeferino Pedroso, um dos porta-vozes dos agricultores e que liderou as entidades do setor nas negociações com o Governo e com a Assembleia Legislativa justificou que a vinda dos agricultores a Florianópolis para participar da audiência pública foi para mostrar que a classe está unida, que o setor não concorda com aumentos de tributo. Pediu para que o governo de SC seja o protagonista no Confaz para que não seja cancelado o benefício previsto no Convênio 100, nos defensivos agrícolas.

“Esse foi o motivo porque nós convidamos os nossos produtores, as nossas organizações a Faesc, a Fetaesc, Ocesc, Fecoagro exatamente para demonstrar que em Santa Catarina é uma tradição não ter aumento de imposto na nossa atividade e ficamos preocupados, porque, embora nos últimos dias temos notado através de manifestação do governo, ele está jogando tudo para o Confaz, mas quem decide é um voto e nós queremos que não seja um voto de Santa Catarina que venha a favor de acabar com os incentivos fiscais de todos os insumos agrícolas, não só apenas os defensivos agrícolas. E essa então é uma chamada de alerta ao governo e à nossa comunidade, embora nós sejamos minoria no interior, mas nós temos ramificações no centro, a exemplo dos Estados Unidos onde apenas 3% estão no interior, mas tem uma força grande no Congresso. Nós aqui temos a impressão que merecemos este destaque. Fica aqui o apelo mais uma vez ao governo do estado para que não seja o protagonista de vir aumentar imposto não só para Santa Catarina, mas para todo o Brasil.”

O que diz a Fecoagro

O presidente da Fecoagro Claudio Post, que teve oportunidade de se pronunciar durante a audiência pública, juntamente com os representantes da Faesc, Fetaesc e da Ocesc, disse que há necessidade de manter as isenções do ICMS nos defensivos agrícolas, para que não aumente os custos de produção e prejudique a competitividade dos nossos produtos nos mercados.

“O setor agrícola de Santa Catarina já sofre muito pelas condições climáticas que passa, é uma fábrica a céu aberto, tem problemas de topografia de espaço, mas por outro lado temos uma pecuária pujante que precisa de insumos competitivos porque nós temos um excesso de produção na qual a gente tem que manter uma competitividade internacional para as nossas carnes, então, a isenção dos defensivos agrícolas é extremamente importante para que a gente mantenha os nossos animais bem sadios e robustos e bem alimentados para a gente vencer o jogo da competição.”

Opinião da Ocesc

O Ex-deputado e ex-secretário da Agricultura, Odacir Zonta, representou a Ocesc na audiência pública. Ele se pronunciou defendendo a renovação do Convênio 100 no Confaz, e ressaltou que o Governo do Estado não adianta dizer que vai deixar para o Confaz decidir. Se nosso estado apresentou a proposta no órgão para tributar, tem que retirar de lá.

A defesa das cooperativas é que continue vigorando as regras atuais do convênio, isto é, sem imposto, e deixe esse assunto para o Congresso Nacional na Reforma tributária, disse Zonta.

“Não adianta dizer agora que vai ao Confaz e dizer, deixa o Confaz decidir. O tema foi colocado no Confaz então a posição correta é tirar do Confaz aquilo que foi colocado e trabalhar na prorrogação do Convênio 100 e tratar a questão tributária a nível de reforma tributária, esta é a proposta . Aliás, aí não é o Confaz quem decide, é o Congresso quem decide. Inclusive nós estivemos com o relator da reforma tributária e um ponto colocado foi a não tributação sobre os alimentos. É muito clara a posição do próprio governo na reforma tributária, não se atribui mais tributos a quem trabalha e produz, principalmente a quem produz comida. Naturalmente que tem que ter o controle do uso do defensivo, tem que ter um plano de educação para o uso. Não adianta aumentar a tributação porque que o pessoal deixa de usar, se deixa de usar deixa de produzir. Então eu sou a favor que se diminua intensidade. Para isto existe a Embrapa que através de pesquisa pode fazer um bom trabalho em cima disso.”

Fonte: Fecoagro

 

 

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