Pequeno produtor no foco das cooperativas de crédito

Mesmo diante da escassez de recursos oficiais para financiar a safra no Brasil, as cooperativas de crédito continuam a ampliar os desembolsos e a ganhar espaço nesse mercado. E, segundo as principais instituições que atuam no País, os produtores tendem a manter a demanda por recursos para investimentos aquecida.

Fernando Marin, gerente de Desenvolvimento de Negócios do Sicredi, diz que o volume de recursos equalizáveis disponíveis para financiar os produtores rurais é menor que a demanda, mas que o grupo tem se ajustado a essa realidade. “Para dar viabilidade ao planejamento dos produtores para investimentos, estamos lançando mão da poupança rural. Assim, conseguimos um custo menor para atender os pequenos. Mas a nossa ideia é que não falte crédito para ninguém, mesmo na ausência da verba oficial. Com recurso próprio, tentamos equalizar essa taxa dentro de casa. Claro que o percentual é diferente, mas temos feito negociações”.

Segundo Marin, a expectativa do Sicredi era que houvesse uma redução da taxa de juros no fim de 2022, algo que teria impacto positivo na contratação de crédito pelos pequenos produtores. Não houve, mas esses clientes permanecerão no foco também na próxima safra (2023/24).

“Estamos confiantes que o governo vai olhar para o ‘pronafiano’ e não vai reduzir os volumes de subsídio ao crédito. Já o médio produtor tem uma conscientização de fazer um planejamento diferenciado e trabalhar direto com as instituições financeiras”, realça.

Já o  Sicoob vai ofertar, no total, R$ 41 bilhões nesta temporada 2022/23, contra R$ 25 bilhões disponibilizados na safra anterior. De julho do ano passado a janeiro, já foram contratados R$ 21,4 bilhões, 55% mais que em igual intervalo de 2021/22. Outro agente de crédito cooperativo importante, a Cresol, que tem como foco a agricultura familiar, também aumentou a disponibilização de recursos, de R$ 9 bilhões para R$ 15 bilhões nesta safra 2022/23.

Para Adriano Michelon, vice-presidente da Cresol, a procura por crédito seguirá aquecida por uma conjunta favorável à agricultura. “Ainda que o recurso equalizável não seja suficiente, o efeito especulativo do trader no mercado já passou, o custo de produção diminuiu, e por consequência, a margem está um pouco maior, então ele está otimista”, lembra.

Nas projeções do executivo da Cresol, o próximo Plano Safra virá com condições de recursos mais favoráveis ao produtor. “Haverá ampliação de recursos equalizados para o pequeno e médio neste ano, e as taxas mais em conta tendem a ampliar o volume de recursos. No entanto, se a oferta total de crédito vai atender toda a demanda ou não aí já é outra questão”, diz.

“Essa desconcentração do sistema financeiro favorece a todas as cooperativas de crédito. Sempre dizemos que essas instituições precisavam de um espaço maior na oferta de recursos, ocupando um espaço para oferecer um atendimento mais humanizado. Essa é uma tendência que veio para ficar e fazer o recurso chegar para quem realmente precisa”, finaliza Marin, do Sicredi.

Fonte: site Avicultura Industrial Por Valor.

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