Produtores rurais seguram compra de fertilizantes em 2024

Os problemas com a safra de verão 2023/24 e a queda nos preços da soja e do milho fizeram os produtores rurais brasileiros segurar não só a venda da produção, mas também a compra de fertilizantes para a próxima temporada. Fontes do setor afirmam que o ritmo de comercialização do insumo aumentou entre março e abril, mas ainda há atraso. Revendas de insumos agrícolas informaram que as vendas estavam cerca de 30% abaixo do esperado até o fim de abril e que os produtores estavam mais concentrados em pagar negociações e dívidas contraídas para o plantio de soja e milho safrinha e menos na aquisição de adubo para o próximo ciclo. 

Em SC, segundo Jairo Loose, Gerente Comercial da Fecoagro, as cooperativas ainda faltam comprar cerca de 50% das necessidades para a próxima safra de verão. Algumas cooperativas estão com atraso ainda maior, por falta de definição dos agricultores sobre suas compras. 

Segundo empresas de fertilizantes, no Brasil há um atraso de 10 pontos percentuais na comercialização deste ano. Nos quatro primeiros meses de 2024, o mercado comprou cerca de 40% do volume de fertilizantes esperado para o ano, ainda abaixo dos 50% vistos no mesmo período de 2023. 

“Muitos produtores têm apostado na redução do preço do fertilizante e no aumento das commodities agrícolas. É importante ressaltar que esse cenário pode criar uma pressão logística para atender a janela de aplicação, devido às dimensões continentais do Brasil, gargalos conhecidos do setor e o volume representativo que se espera para o ano. A razão principal é a possível pressão que uma entrega concentrada de fertilizantes pode causar na infraestrutura logística do Brasil. O país sofre com gargalos logísticos, os preços de fretes vão subir, haverá filas de portos, custo maior de demurragem, que também vai subir”, sinalizando um cenário complicado de entregas.

Esse ano há um ingrediente a mais a ser considerado atualmente: a geopolítica, sobretudo em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. O risco de impacto nos preços e de abastecimento cresce à medida que aumenta a tensão entre os dois países. O risco existe, não é tácito e factível, mas, se por uma questão de guerra, eventualmente a Rússia cortar o fornecimento de 35% do cloreto global, vai dar problema. Se durar uma semana, é possível administrar. Um mês, não. E o produtor não poderá ser ressarcido porque é uma situação de força maior, de guerra. A dependência do Brasil em importar cerca de 85% dos fertilizantes usados nos campos brasileiros. 

Fonte: Globo Rural com adição de Fecoagro 

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