Terra Boa x Estrada Boa

Por Ivan Ramos – Diretor executivo da Fecoagro

O estado de Santa Catarina (SC) tem sido fonte de inúmeras iniciativas inéditas que têm contribuído para inspirar muita gente por todo o país. Nem precisamos repetir aqui quantos projetos e programas eficientes foram criados em nosso estado, abrangendo todas as áreas da administração pública, e aos quais a iniciativa privada tem aderido, unindo esforços e alcançando sucesso. O programa Terra Boa, também conhecido como Troca-Troca, é o mais eloquente resultado de uma iniciativa governamental, criado no primeiro governo de Esperidião Amin, ainda durante a gestão de Wilson Kleinubing como secretário da Agricultura. Surgiu em uma época de crise, quando a inflação galopante no Brasil criava dificuldades para que os agricultores acompanhassem e compreendessem a equiparação dos custos financeiros. 

Como dizia o então governador Amin, a complexidade das siglas presentes nos indicadores financeiros confundia qualquer pessoa, não apenas os residentes em áreas rurais, mas também os urbanos. Era difícil compreender a paridade dos custos financeiros em um país altamente inflacionado. Foi então que surgiu a equivalência em produtos, que nada mais era do que igualar os custos dos financiamentos em relação a produtos, estabelecendo uma conexão entre os produtos adquiridos e os custos financeiros. Qualquer diferença eventual era coberta pelo governo. Ou seja, o agricultor sabia antecipadamente quantos sacos de produtos precisava colher para quitar determinado insumo ou equipamento, independentemente da taxa de juros. Essa abordagem introduziu uma nova moeda na atividade agropecuária, permitindo que o agricultor compreendesse melhor o valor dos produtos. 

Com a passagem dos anos e as mudanças de governos, muitos projetos sofreram alterações, algumas com maior ou menor incentivo. No entanto, o Troca-Troca continuou e hoje abrange diversas áreas do setor agropecuário. A partir do ano 2000, as mudanças foram ainda mais significativas. Na gestão de Odacir Zonta como secretário da Agricultura e novamente sob a liderança de Amin como governador, uma iniciativa público-privada foi estabelecida. O programa Troca-Troca foi transferido para as Cooperativas por meio da Fecoagro, aumentando a agilidade e eficiência dos processos, resultando na ampliação dos volumes e valores destinados ao programa a cada ano, além de expandir o número de agricultores beneficiados. O programa chegou a atender 70 mil usuários, representando um expressivo contingente de pequenos agricultores. 

A parceria com as agroindústrias tem impedido que os programas sofram interrupções por falta de recursos no momento certo. É verdade que, de tempos em tempos, ao longo desses 22 anos, é necessário negociar mais com o Tesouro do Estado, que também enfrenta outras prioridades. No entanto, tudo tem se encaminhado bem, uma vez que os resultados dessa parceria são notáveis. 

No governo atual, houve um pequeno contratempo no início em relação aos valores destinados a essa finalidade. Contudo, graças à intervenção rápida do governador Jorginho Mello, o impasse foi solucionado. As cooperativas têm sido parceiras em todos os governos que sucederam em SC. Elas compartilham o mesmo objetivo de atender às demandas da população, o que tem resultado em sucesso contínuo. O próprio nome “Terra Boa” serviu de inspiração ao governador Jorginho Mello. No seu recente lançamento de um programa de recuperação das estradas estaduais, as quais interessam diretamente aos agricultores e suas cooperativas, foi dado o nome de “Estrada Boa”, numa alusão ao sucesso do Terra Boa, da Agricultura e que já provou ser eficiente. Certamente também será na recuperação das estradas. Ninguém confere nada similar para algum projeto ou programa, que não deu certo. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro 

 

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