Um ano difícil do setor de fertilizantes

Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

Nosso assunto de hoje diz respeito ao relatório da direção da Fecoagro referente ao exercício de 2023, apresentado nesta semana às cooperativas filiadas em Assembleia Geral Ordinária de prestação de contas. O relatório, contendo todos os dados e demonstrativos, foi aprovado pelas cooperativas e nele constam duas mensagens: uma minha, como diretor executivo e coordenador das ações executivas na Fecoagro; e outra do presidente Arno Pandolfo, mais no âmbito institucional e estratégico, que será apresentada neste espaço na próxima semana. No meu caso, o relatório diz o seguinte: 

O ano de 2023 foi extremamente desafiador para a Fecoagro e suas cooperativas filiadas. Assim como em 2022, o setor de insumos agrícolas, especialmente os fertilizantes – principal atividade econômica de risco da Fecoagro – enfrentou reviravoltas e incertezas. A instabilidade e volatilidade do mercado internacional de matérias-primas, a flutuação diária da taxa cambial e as indefinições por parte dos agricultores nas aquisições de insumos, devido às frequentes quedas de preços, somadas à redução dos valores dos grãos, resultaram em um comportamento mais cauteloso por parte do setor ao longo do ano. Isso causou atrasos e redução nas vendas, ocasionando custos elevados e margens reduzidas nas indústrias de fertilizantes. Nas cooperativas, a situação não foi diferente no setor de fertilizantes. Os estoques remanescentes do ano anterior, com preços elevados, e a redução da demanda desestabilizaram os resultados. Da mesma forma, os agricultores sofreram, perdendo em ambos os lados: aqueles que adquiriram fertilizantes precocemente, por temor de escassez, pagaram mais caro. Além disso, enfrentaram a redução nos preços dos grãos, resultando em prejuízos em ambas as frentes e afetando toda a cadeia agrícola em 2023. Talvez em menor intensidade do que no ano anterior, mas ainda assim foi um período de ajustes. 

A produção de fertilizantes na Fecoagro em 2023 teve uma pequena redução em relação ao ano anterior. Em 2022, produzimos 454,2 mil toneladas, enquanto em 2023 atingimos 435,7 mil toneladas. Esperamos que em 2024 o mercado se estabilize, evitando novamente instabilidades e incertezas nos resultados. 

A Fecoagro, como parte desse contexto, também enfrentou desafios em 2023. Não conseguimos atingir as metas de faturamento nem os resultados finais planejados. No entanto, conseguimos equilibrar as contas, evitando prejuízos consolidados, embora tenhamos registrado resultados negativos no negócio de fertilizantes. Nas demais atividades desenvolvidas pela Fecoagro, registramos avanços. 

Nosso índice geral de liquidez melhorou, passando de 1,09 em 2022 para 1,15 em 2023. Nossa liquidez corrente aumentou de 1,16 para 1,27, enquanto nosso grau de endividamento diminuiu de 81,24 em 2022 para 74,60 no final de 2023. 

A Central de Negócios registrou redução no volume de compras conjuntas, motivada pela queda nos preços dos produtos, principalmente nos insumos agropecuários, que representam 73% das aquisições da Central de Compras. Em 2022, o valor das compras para as cooperativas foi de R$ 2,16 bilhões. Em 2023, alcançamos R$ 1,569 bilhão. No entanto, os ganhos das cooperativas por comprarem em conjunto não diminuíram na mesma proporção, o que indica avanços nos resultados. Em 2022, os ganhos na economia gerada foram de R$ 50,5 milhões, enquanto em 2023 foram de R$ 48,9 milhões. 

O programa Terra Boa, operado pela Fecoagro em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura há mais de 20 anos, continuou em 2023. Atendemos 65.092 agricultores, com subsídios viabilizados pelo governo do estado no valor de R$ 95.715.582,00, nos programas de semente de milho, calcário, kit forrageiro, kit apicultura, kit solo saudável, cereais de inverno e programas emergenciais de semente de arroz para os agricultores afetados pelas enchentes. No ano anterior, foram liberados R$ 83.149.408,00 para 67.949 agricultores. 

A área de comunicação da Fecoagro continuou na vanguarda na divulgação do cooperativismo e do agronegócio catarinense, dentro e fora do estado. Continuamos sendo referência na produção e veiculação de programas de rádio, televisão e mídias sociais, presentes em todas as plataformas multimídia, contribuindo para a conscientização sobre o cooperativismo e a disseminação de boas práticas e ações de nossas cooperativas. 

Além disso, tivemos diversos avanços internos na área administrativa e operacional, ajustando o organograma gerencial e implementando todos os programas de gestão, como ESG, PDGC, ISO-9001, LGPD, entre outros, visando maior transparência, segurança e agilidade nas ações da Fecoagro. 

Embora não tenha sido um ano de total glória econômica devido à não realização completa dos planos, encerramos com um saldo positivo e com a expectativa de ampliar os resultados em 2024, tanto nas atividades industriais quanto nos demais serviços prestados pela Fecoagro. 

Considerando o atual sistema de governança da Fecoagro, onde nossos dirigentes eleitos determinam as ações estratégicas, com acompanhamento mensal, e a equipe profissional contratada gerencia os negócios e serviços, expressamos nosso agradecimento a todos os colaboradores que se dedicam em busca dos resultados almejados, bem como aos dirigentes das cooperativas associadas pela confiança na delegação da gestão. Vale sempre lembrar que juntos somos mais fortes! 

Fonte: Fecoagro 

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