Um país efervescente

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC.

O Brasil está efervescente. Em épocas de eleições, os nervos de afloram. As pessoas se manifestam e o sangue fica quente, em todos os lados. Surgem as manifestações exageradas, radicais, inverdades, demagógicas, mas também tem aquelas posições sensatas, verdadeiras, coerentes, moderadas, mais conscientes e bem-intencionadas, pés no chão, como se diz na gíria.

Passado o primeiro turno, onde muitos governos estaduais já foram definidos, assim como os parlamentos estaduais e federal, as atenções agora se concentram para a presidência da república, e alguns governadores estaduais. O resultado das eleições até aqui, já deu mostras que haverá mudanças importantes na esfera política desse país. O povo deu o recado e mandou muita gente tradicional na política ficar em casa. Ficou valendo aquela premissa de que se determinados políticos não deixarem a vez para outros voluntariamente, a população se encarregada de fazer isso.

O setor agro e cooperativista catarinense nesta eleição se movimentou bem. Talvez não com a eficiência necessária estratégica, mas na parte operacional, foi extremamente importante. E já deu resultado. No elenco de mais de uma dezena de candidatos a deputados federais e estaduais apoiados, conseguiu eleger um bom número de representantes do setor. De partidos diferentes, já que o setor não prioriza partidos, mas sim políticos afinados com as atividades no campo.

Infelizmente ainda temos pessoas que não acham importante o envolvimento na política. Enganam-se redondamente, pois tudo na nossa vida passa por decisões políticas, portanto, precisamos participar, para defender nosso ponto de vista e nossos interesses, democraticamente e de forma transparente. É bem verdade que o nosso sistema político nacional precisa ser mudado. Já está comprovado que a atual legislação tem defeitos visíveis, que precisam ser modificados.

As entidades do agro de SC, ao apresentarem suas propostas aos então candidatos aos legislativos, destacaram alguns temas que merecerem ser levados em conta pelo novo Congresso Nacional, para evitar problemas que têm acontecido nos últimos mandatos, principalmente no executivo e no judiciário. O que o agro e o cooperativismo catarinense defendem de mudanças são atribuições dos parlamentares federais – deputados e senadores-: Acabar com a reeleição em todos os níveis, para que os eleitos quando assumirem não entrem já pensando num segundo mandato. Pode-se ampliar o prazo de mandato, mas sem reeleição. Eleições em dois turnos também precisam ser reavaliadas. O que se vê sobre esse sistema é que na esfera municipal, municípios menores têm tratamento diferente do que os maiores que tem dois turnos. E em nível estadual e nacional, segundo turno tem servido para negociações de interesses questionáveis com os candidatos perdedores, sem contar os custos de uma segunda eleição.

Ainda fazem parte das proposições do agro catarinense, dois temas importantes: defendem a unificação dos pleitos eleitorais para reduzir custos, hoje a cada dois anos tem eleições; e também a modificação do sistema de indicação dos ministros do STF. Precisa ser encontrado outro sistema de compor aquela Corte, sem a interferência política. Hoje com a indicação pelo Presidente da República, e aprovação do Senado, os ministros acabam sendo de determinadas linhas partidária ou ideológica, e isso tira a legitimidade da independência nos julgamentos e atualmente temos exemplos concretos disso. Todos nós sabemos que essa mudança na legislação brasileira é complicada porque mexe com muitos interesses, mas espera-se que novo Congresso reconheça que do jeito que está, não dá para ficar. E o eleitor pode cobrar isso dos seus candidatos. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.

Leave a Comment

Pular para o conteúdo