Troca-Troca: time que está ganhando, não se mexe
Publicado em: 26/06/2023
Por Ivan Ramos diretor-executivo da Fecoagro/SC.
O bom senso, acompanhado de dados reais, sempre acaba em resultados positivos em qualquer atividade e em todas as partes. A tomada de decisões precipitadas e sem análise em todos os ângulos, tende se ter resultado negativo e muitas vezes até complicam ainda mais os problemas. Por outro lado, quando se toma medidas equivocadas, mas se volta a atrás, deve ser reconhecido como méritos e prática de bom senso. Ninguém está livre de tomar decisão errada, mas reconhecer e buscar construir alternativas, inverte-se o conceito dos autores da decisão.
A redução dos incentivos para programa Terra Boa decidida pelo atual governo catarinense, gerou mal-estar aos seus usuários, e chegou a mobilizar espontaneamente a classe política, que foi cobrada principalmente pelos agricultores. O programa Terra Boa, mais conhecido como Troca-Troca, existe há mais de duas décadas em nosso Estado, e sempre ofereceu resultados positivos a todos os envolvidos na cadeia do agro. Estimulou o uso de novas tecnologias e ampliou a produtividade agrícola; proporcionou redução dos custos de produção e consequente melhor renda ao pequeno agricultor; contribuiu para redução da dependência de importação de milho de outros estados, e consequente redução da evasão de tributos; e ainda serviu de modelo para outros estados que também adotaram o sistema. O avanço tecnológico no uso de calcário para correção do solo, e de sementes de alta produtividade, estão comprovados em relatórios disponíveis na secretaria da Agricultura.
O avanço do programa tem ocorrido a cada ano. Além disso, tem inspirado aos secretários de Agricultura que passaram pela Pasta para implementar outros programas, facilitando sua operação, e viabilizando muitas pequenas propriedades. Tem sido um programa econômico até mesmo para o Tesouro do Estado, tem um caráter social, pois inclui pequenos agricultores no rol de produtores tecnificados. Trata-se de um programa perene, embora todos anos se tenha que buscar os recursos junto à Fazenda estadual, que por sua vez procura reduzir os incentivos para administrar seu caixa. Esse programa já se pode se dizer que é de “Estado” e não de “Governo”, faltando apenas institucionalizá-lo.
Este ano, o atual governo tentou reduzir os gastos dos incentivos, numa decisão sem se aprofundar nas consequências futuras dos cortes dos recursos. Provocou revolta no campo. Logo sentiu que a medida iria ocasionar resultados negativos a curto e médio prazo. Voltou atrás. Foi positivo reconhecer a importância do programa Terra Boa. Com os devidos ajustes no cronograma de repasse, o programa voltou a ser executado em volumes e valores antes programados. Todos os governantes que passaram mantiveram e até o ampliaram. Isso quer dizer que os resultados têm sido positivos, para o agricultor e para o Estado. Portanto, em time que está ganhando não se mexe. E isso aconteceu no atual governo. Que bom que o desfecho foi positivo. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro/SC.