Viagem aos EUA: integrando e cooperando

Publicado em: 19/08/2024

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO 

Seguindo a trajetória implantada pelo saudoso líder Aury Bodanese e continuada por Mário Lanznaster, o atual presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, liderou mais uma viagem de dirigentes de cooperativas agropecuárias ao exterior. Desta vez, a viagem foi para o noroeste dos Estados Unidos. Bodanese sempre dizia que as pessoas responsáveis pela gestão de uma empresa que têm no seu radar avançar não podem ficar acomodadas no seu reduto, mas sim sair para conhecer outras realidades, outras visões e outras oportunidades de negócios. 

O grupo de dirigentes de cooperativas agropecuárias de SC já teve a oportunidade de visitar países nos quatro continentes, e certamente já se inspirou em alguns exemplos ou ações praticadas em alguma parte do mundo. Seguindo a premissa de que nem todos os produtores rurais têm condições de fazer negócios lucrativos agindo isoladamente, e por essa razão se agrupam em cooperativas, a Aurora e o Sescoop atuam de forma a levar dirigentes de cooperativas em grupos para conhecer o mundo e trazer conhecimento para ser adotado, quando possível, nas gestões das cooperativas. 

A viagem da última semana à região noroeste dos Estados Unidos proporcionou uma grata surpresa aos participantes. Inicialmente, questionava-se o que haveria de interessante para ver em uma região pouco conhecida, de pouca expressão turística, empresarial, agrícola e até política no continente americano. Ao chegar lá, à medida que a programação, bem elaborada e assistida pelo consultor e empresário Fernando Figueiredo, avançava, foi-se conhecendo uma realidade positiva na região, até então desconhecida dos brasileiros. 

Alguns dos temas que fizeram parte da programação foram bastante curiosos, até para viajantes internacionais frequentes. Um deles foi o processo de produção e processamento do lúpulo. Além de conhecer como se produz e quanto custa essa matéria-prima da cerveja que consumimos diariamente, também serviu como reflexão para eventuais práticas de cultura alternativa para a região Sul do Brasil, dependendo dos resultados das pesquisas que estão sendo estudadas em SC. 

O comportamento dos políticos norte-americanos, comparado ao do Brasil, também foi uma constatação talvez nunca atentada por nossa população. Quando se visitou uma pequena propriedade agrícola nos arredores de Boise, capital do estado de Idaho, viu-se um senador federal em cima de um trator, executando suas atividades profissionais de agropecuarista. Mesmo sendo um político conservador e tradicional, ele fez valer a premissa naquele país de que político não é profissão; por isso, deve continuar na sua atividade de sobrevivência, e não pendurado nas mordomias do Poder Público. Essa é uma experiência diferente que nossa comunidade precisa socializar. 

Inúmeras outras curiosidades foram constatadas pelos cooperativistas visitantes da região de Idaho. Na área da produção de vinhos, uísque e cervejas; criação de gado; lavouras de hortaliças, cereais e pastagens; e na capital americana das batatas, também foram observadas pelo grupo. Até mesmo o sistema de parcerias entre produtores, indústrias e redes de supermercados foi uma atividade interessante, conhecida pelo grupo. A constatação de que, mesmo em uma região montanhosa, seca e com pouca vida na terra, através de um eficiente sistema de irrigação estimulado pelo Poder Público, é possível colher de tudo nos meses não tomados pela neve, foi outra lição importante. 

Por fim, há sempre que se destacar que, mesmo que alguém não tenha valorizado o que viu, não poderá negar que somente a integração do grupo, com troca de experiências, relacionamento pessoal, reflexão sobre o comportamento de cada um e a aproximação dos variados tipos e portes de cooperativas, já serviu para ampliar o conhecimento, reconhecer nossos méritos e nossos defeitos, e reforçar o espírito de união e integração, tão falado e praticado no cooperativismo em SC e no Brasil. Portanto, valeu a pena. Pense nisso! 

Fonte: Fecoagro