Webinar da Faesc e Safras & Mercado aborda as perspectivas e tendências do setor de fertilizantes
Publicado em: 03/07/2024
Informar os produtores e dirigentes rurais sobre as mudanças no cenário macroeconômico e as perspectivas de mercado é o principal objetivo dos eventos on-line promovidos mensalmente pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), em parceria com a Safras & Mercado, referência nacional e internacional em agronegócio. A edição de junho, realizada no final de junho, teve como tema as “Perspectivas e Tendências do Mercado de Fertilizantes”.
De acordo com o presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, as informações mercadológicas ajudam os produtores e empresários rurais a planejar melhor, tanto a programação da produção, quanto a venda das safras. Durante a abertura da webinar, o dirigente apresentou a especialista da Safras & Mercado Maísa Ronanello – engenheira agrônoma com experiência em análise de mercados e insumos agrícolas. Reforçou a importância da compreensão sobre a influência de cada insumo e sobre os fatores que determinam a formação de preço. Também frisou que a iniciativa é fundamental para que seja possível traçar estratégias mais assertivas para negociar os fertilizantes reduzindo riscos e custos.
Responsável pelo acompanhamento de indicadores, preços, estatísticas, tendências e pela elaboração das análises e consultoria nesse segmento, Maísa Romanello iniciou sua explanação falando sobre o panorama global, já que o Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes. “Dependemos 85% dos fertilizantes vindos das importações e, por isso, temos que olhar para os outros países que concorrem conosco, para os principais players desse mercado e para os grandes produtores e exportadores também”.
Ao comentar sobre o panorama global, Maísa destacou três importantes referências do segmento. Iniciou falando da Índia que é uma grande importadora e consumidora de fertilizantes e que recém passou por eleições presidenciais. “Como o Governo indiano subsidia a importação de fertilizantes, o país está com as importações lentas no momento justamente porque entrou nova gestão pública. Dessa forma, está aguardando como será a definição dos subsídios dessa política para importação de fertilizantes. Enquanto isso, os estoques são consumidos e, portanto, há uma redução desses produtos, principalmente de DAP, o que ascende um alerta para a necessidade de retorno da Índia às compras desse fertilizante”, explicou.
Maísa prosseguiu comentando que a Índia também fecha contratos de compras para fornecimento de KCL. “Geralmente os contratos são fechados no primeiro trimestre do ano e em 2024 há um grande atraso porque o país tem bastante estoque e não negociou ainda os contratos. Isso é importante para o Brasil e demais mercados porque esses contratos servem de base para outros negócios. Essa situação traz lentidão ao mercado de KCL globalmente”.
Outro grande player importantíssimo para o mercado de fertilizantes é a China – país que domina questões cruciais nos preços de fertilizantes porque vem restringindo suas exportações de nitrogenados e fosfatados. “A China está priorizando sua demanda interna e isso tem feito com que tenhamos menor disponibilidade de nitrogenados e fosfatados para nossas importações. Havia expectativas de que o mercado chinês retornasse suas exportações entre abril e maio, mas isso não aconteceu. Precisamos estar atentos porque o país tem ditado os preços dos fertilizantes – principalmente os fosfatados que vêm sendo mantidos em altos patamares devido a essas restrições chinesas”, pontuou Maísa.
A especialista também falou sobre mercado interno brasileiro, trouxe uma análise do mercado de nitrogenados, fosfatados e potássicos, além de destacar as perspectivas e tendências para a safra 2024/2025, os pontos de atenção e os desafios.
Assinalou que há um atraso nas importações de MAP e também nas compras de MAP no mercado interno brasileiro – situações que estão relacionadas às restrições das exportações chinesas. “Aguardávamos que fosse retornar, mas isso não aconteceu e os preços continuaram subindo no mercado internacional, o que causou atrasos e dificuldades para importarmos fertilizantes fosfatados. Agora temos falta desse produto no mercado interno em um importante momento de demanda”, ressaltou a palestrante.
Outros pontos destacados em relação ao cenário brasileiro estiveram relacionados aos avanços nas negociações, ao aumento dos preços no mercado interno provocado também pela alta do dólar e à concentração de demandas previstas para o segundo semestre. “Apesar dos avanços, ainda há perspectivas de que grande parte da demanda fique acumulada nos primeiros meses do segundo semestre. Aí alertamos para a questão de logística nesse período porque teremos uma movimentação de compras”, comentou Maísa.
Fonte: MB Comunicação